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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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subiu para 72, e houve 27 feridos. As unidades rebeladas chegaram a 74, com

cerca de trezentos reféns. A polícia afirma que morreram dezenove

criminosos. Na segunda-feira, dia 15, mais de cinquenta ônibus foram

incendiados. A cidade de São Paulo viveria momentos de pânico, com aulas

suspensas em colégios e faculdades, bancos e comércios fechados. O

Aeroporto de Congonhas precisaria ser esvaziado por suspeita de bomba.

Antes de anoitecer, a cidade parou. Na hora do rush, era possível andar a pé

nas avenidas principais, não havia carros nem ônibus nas ruas. Para alguns,

aqueles ataques foram o “nosso Onze de Setembro”.

Para conter a violência e o efeito dos ataques sobre as pretensões eleitorais

do ex-governador Geraldo Alckmin, no domingo, dia 14 de maio, o

governador Cláudio Lembo aceitou a oferta de uma advogada, Iracema

Vasciaveo, ex-delegada que se apresentava como representante de uma ONG

chamada Nova Ordem. Ela se oferecia para mediar uma conversa do governo

com as lideranças do PCC para acabar com os ataques. Um avião foi fretado

para que ela, um delegado e um representante da corregedoria dos presídios

fossem a Presidente Bernardes, onde estava Marcola. O líder do PCC

autorizou um preso conhecido como LH a dizer que sua integridade física

estava preservada. Era a senha para os ataques cessarem, o que demoraria

ainda pelo menos 24 horas para ocorrer.

Os dias seguintes não foram menos dramáticos. Policiais militares

partiram para a ofensiva e diversos assassinatos com suspeitas de execução

sumária ocorreram em bairros pobres da cidade. Entre os dias 12 e 21 de

maio, morreram 564 pessoas (59 agentes públicos e 505 civis). [5] Centenas de

mortes foram apontadas como execuções praticadas por policiais disfarçados.

Parentes das vítimas criaram um movimento, chamado Mães de Maio, para

denunciar a violência policial ocorrida no período e as execuções sumárias de

centenas de jovens pobres, moradores de periferias e favelas. A vingança se

tornaria método recorrente nas disputas envolvendo policiais e criminosos,

como ocorreu em 2012. A truculência seria tolerada porque a polícia estava

em “guerra contra o crime”. A população continuaria indefesa nesse fogo

cruzado.

Duas semanas após os ataques, o bode expiatório de maio de 2006 foi

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