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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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RDD entre dezembro de 2003 e julho de 2004, voltaria ao duro regime em

abril de 2005.

Eram duas punições severas para o líder. A pacificação dos presídios, nos

anos anteriores, de nada tinha adiantado. O Partido voltaria a usar a violência

para pressionar o Estado. As rebeliões se intensificaram no começo de 2006,

deixando o governo em alerta. Nas escutas captadas pelo sistema

penitenciário, os presos discutiam uma nova megarrebelião para agosto

daquele ano, véspera das eleições presidenciais. De acordo com as

autoridades, o governador Geraldo Alckmin, supostamente odiado por ter

criado o RDD, devia ser combatido. O vice, Cláudio Lembo, assumiu o

governo em 31 de março daquele ano para Alckmin concorrer à presidência.

A panela de pressão estava prestes a explodir.

Havia a possibilidade de uma rebelião estourar já naquele 14 de maio,

domingo, Dia das Mães, conforme informações captadas pela secretaria.

Lembo estava no cargo fazia pouco mais de um mês. Nagashi decidiu que

não havia mais como esperar. Era preciso agir e neutralizar o PCC. A ideia era

iniciar uma operação inédita e arriscada de transferência de 765 lideranças do

PCC para a Penitenciária de Presidente Venceslau e Presidente Bernardes.

Todos de uma só vez. No fim da tarde do dia 10 de maio, Lembo autorizou a

ação. As transferências começaram às 16h30 do dia seguinte, quinta-feira, e

demoraram dez horas até serem finalizadas. A partir das 2h30 da madrugada

de sexta, os presos chegavam às suas celas. O salve geral para os ataques foi

dado ainda na sexta-feira. Dessa vez, ao contrário do que tinha acontecido na

primeira megarrebelião, os ataques seriam feitos também do lado de fora.

Mais uma vez, autoridades, jornalistas, população e acadêmicos seriam pegos

de surpresa.

Os atentados do PCC começaram na noite de sexta-feira. Até a tarde de

sábado, trinta pessoas haviam morrido e 25 ficaram feridas, entre policiais,

guardas civis e agentes penitenciários. De dentro de carros, disparos eram

feitos contra delegacias e bases policiais, na capital e no interior. Ainda no

sábado, 24 unidades prisionais começaram uma rebelião simultânea. No

domingo, a situação piorou. O número de mortes decorrentes de atentados

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