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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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Paulo finalmente se voltaria para o tráfico de drogas, com quase duas décadas

de atraso em relação às facções do Rio de Janeiro. O poder de figuras como

Gegê do Mangue e Birosca, respectivamente traficantes no bairro da Vila

Madalena e no município de Diadema, começaria a crescer. Marcola, que

tinha feito fama no crime como ladrão de grande capacidade de

planejamento, abandonaria os louros do passado para olhar para a frente. E o

futuro estava associado ao grande potencial de lucro do mercado de drogas.

Sob a liderança de Marcola, o PCC logo mostraria seu cartão de visita num

evento traumático que marcou a história de São Paulo. No começo da noite

de 4 de março de 2003, o juiz corregedor de Presidente Prudente, Antonio

José Machado Dias, foi executado com três tiros dentro de seu carro. Ele era

considerado um magistrado rigoroso e já havia sido jurado de morte pelo PCC.

A morte de Machado Dias seria um recado macabro do crime para os

magistrados que insistissem em ser duros com as lideranças da facção. Nunca

os criminosos tinham sido tão ousados. A polícia identificou três autores do

crime que, segundo a investigação, teriam agido a mando de Marcola – logo

depois do assassinato, um bilhete foi mandado para ele dentro do presídio

relatando o sucesso da operação. A nova liderança do PCC começaria a jogar

com as autoridades, revelando seu lado estratégico. Marcola e seu grupo

sabiam ser violentos quando preciso, mas também podiam agir de forma

moderada e política, oferecendo vantagens ao governo. Acima de tudo,

Marcola e seu grupo mostravam ter controle sobre a massa carcerária. Depois

de eliminar um desafeto de peso, o grupo achou que era o momento de se

recolher.

O sistema viveu um período inédito de calmaria. No ano de 2003, as

rebeliões praticamente zeraram. Com as prisões pacificadas, o PCC passou

alguns meses esquecido pela imprensa, mas manteve as articulações. Para a

opinião pública, Nagashi Furukawa parecia ter assumido as rédeas do

sistema. Contudo, a trégua não duraria muito tempo. Na segunda metade de

2005, as rebeliões voltaram a acontecer em grande número. Em junho de

2005, na Penitenciária I de Presidente Venceslau, cinco presos foram mortos,

suas cabeças cortadas e exibidas como troféus. Marcola, que havia ficado no

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