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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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ocorreria no aeroporto de Sorocaba. Na Castelinho, nome da rodovia que fica

no caminho do aeroporto, o grupo foi interceptado por cem policiais que os

aguardavam. Eles metralharam o ônibus e os dois carros onde estavam os

criminosos. Todos morreram. Nenhum policial foi atingido. Os militares

preferiram exterminar os criminosos a prendê-los. A descoberta das

artimanhas criminosas das autoridades provocou escândalo público e deixou

o governo acuado, mas os “excessos” pareciam se justificar diante da

legitimidade do propósito, que era acabar com o PCC. A facção estaria se

convertendo no grande mal a ser combatido, e para isso qualquer gesto se

tornava válido e justificável.

Mesmo de forma voluntarista e descoordenada, as ofensivas contra o PCC

continuavam. Dessa vez, a facção parecia sentir o golpe e se fragilizava com

uma disputa violenta em torno da liderança. Sombra e Jonas Matheus, que

organizaram o levante de 2001 a partir de São Paulo e eram considerados os

nomes mais altos na hierarquia do grupo nas prisões paulistas, foram

assassinados pelos próprios colegas nos meses que se seguiram. O PCC

parecia entrar numa espiral que ameaçava a implosão do grupo. O primeiro a

morrer foi Sombra, em julho, cinco meses após a megarrebelião. Numa

manhã de sexta-feira, durante o banho de sol no Piranhão, em Taubaté, ele foi

espancado por seis presos ao longo de cinco minutos e depois foi enforcado

com um cordão de sapatos. A polícia afirmou que os acusados eram

integrantes do PCC, mas dias depois a facção decretou luto no sistema

penitenciário e lençóis foram estendidos nas grades das celas. As ações eram

ambíguas, e quem olhava de fora não compreendia o que vinha ocorrendo

entre as chefias.

Em novembro do mesmo ano, foi a vez de Jonas Matheus, um dos oito

fundadores do PCC. Açougueiro de profissão, sabia manejar facas e tinha

fama de ser mestre na degola. Jonas morreu a golpes de estilete na

Penitenciária de Araraquara. Outro fundador seria assassinado três meses

depois, em fevereiro de 2002. Misael Aparecido da Silva, um dos

idealizadores do estatuto da facção, foi espancado e enforcado por cinco

presos durante o banho de sol na Penitenciária II de Presidente Venceslau.

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