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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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expandindo – com mais força depois da desmoralização imposta ao governo

de São Paulo e da demonstração pública da sua existência. Apesar da reação

do Estado, a histórica rebelião dos presos foi uma vitória política do PCC

porque serviu para revelar a capacidade do grupo de agir em defesa do

interesse dos encarcerados. O RDD acabaria se tornando um elemento de

barganha entre o PCC e o governo de São Paulo, e não um dispositivo usado

para enfraquecer ou desarticular a facção.

A Polícia Civil, finalmente, passaria a mergulhar nas investigações sobre

o grupo com base nas escutas feitas pela Delegacia de Roubo a Banco,

coordenadas pelo delegado Ruy Ferraz Fontes, que se tornaria a principal

autoridade nas investigações que envolviam membros da facção. Em um ano,

mais de cem criminosos ligados ao grupo foram presos. Já a Polícia Militar,

com a ajuda de seu serviço reservado de investigação, os P2s, iniciaria uma

ofensiva desordenada para enfrentar a facção, misturando inteligência e

violência. Uma dessas iniciativas se organizaria em torno do Grupo de

Repressão e Análise dos Delitos de Intolerância (Gradi), nome de fachada

para o funcionamento de uma rede clandestina de inteligência que atuou entre

julho de 2001 e abril de 2002. As atividades do Gradi foram comparadas às

do velho Esquadrão da Morte, que no fim dos anos 1960 e começo dos anos

1970 tirava homens do presídio e desovava seus corpos nas estradas. No

futuro, também seriam comparadas às da parceria do Ministério Público com

a Rota. Nos trabalhos do Gradi, desafetos ou jurados de morte pelo PCC eram

retirados de presídios para se infiltrar em quadrilhas e planejar crimes. Essas

ações eram acompanhadas pelas autoridades e se transformavam em

arapucas, provocando o extermínio dos infiltrados e dos criminosos. A

liberação dos presos era feita com autorização da Justiça, que depois negaria

saber que os presos eram soltos para simular crimes.

A ação mais espalhafatosa e criminosa do Gradi ocorreu no dia 5 de

março de 2002 e causou a morte de doze suspeitos de ter ligações com o PCC.

Os bandidos foram ludibriados a participar de um falso roubo de avião que

poderia render 28 milhões de reais. O plano foi posto em prática por dois

presos infiltrados e dois policiais militares disfarçados. O falso roubo

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