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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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A população carcerária [no passado] era um pouco mais adulta. A faixa

etária era de 25 a 30 anos. De algum tempo para cá, passamos a receber

jovens nas prisões. [antigamente] Muita gente tinha apelidos relacionados

aos lugares de origem ou da profissão que exercia. Tinha o Baianinho da

Edi, prontuário 27.314, um tremendo bandido respeitado na massa

carcerária. Ele vinha da Vila Edi. Tinha o Zé do Fogão, que era

cozinheiro. O Jamanta, motorista de Alfa Romeu. Você percebia que os

presos tinham exercido algo no passado, uma atividade profissional, uma

ocupação. Havia ocupação lícita e laços com o bairro. Você percebe hoje

a população presa totalmente desqualificada sob o ponto de vista

profissional. Finalmente, a grande maioria, 99%, não sabia nem o que era

droga e não fazia uso de droga. Hoje a maioria está presa ou em razão da

droga ou do tráfico de droga. São diferenças conflitantes porque a

sociedade mudou muito. E as pessoas que recebemos são da sociedade.

Não conhecemos ninguém que venha de outro local que não seja da Terra.

Gomes era nome influente na estrutura dos presídios em outubro de 1992,

quando ocorreu o Massacre do Carandiru – no episódio histórico, 111 presos

foram mortos por policiais militares chamados para acabar com uma rebelião

no Pavilhão 9 da Casa de Detenção. A tragédia obrigou o governador da

época, Luiz Antônio Fleury, a apresentar respostas urgentes. Toda a estrutura

de gestão dos presídios foi reformada e ampliada. O sistema penitenciário –

administrado pela Secretaria de Justiça até 1991 e depois pela Secretaria de

Segurança Pública – finalmente ganhava uma pasta específica. A primeira

Secretaria de Administração Penitenciária do Brasil foi criada em 26 de

janeiro de 1993. A Coordenadoria de Estabelecimentos Penitenciários do

Estado (Coespe), que já existia desde 1979, alternando sua vinculação entre a

pasta da Justiça e a da Segurança Pública, em 1993 passa à recém-criada

Secretaria da Administração Penitenciária. Começava naquele ano a pequena

revolução na administração dos presídios em São Paulo.

Em 1993 – ano de criação do PCC –, Lourival Gomes foi chamado para

assumir a Coespe, posto estratégico do sistema, encarregado de lidar com o

dia a dia das transferências de presos de todas as unidades do estado. Acima

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