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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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habeas corpus para aguardar o julgamento em liberdade, um mês após a

prisão, e escapou logo em seguida. O desembargador Otávio Henrique de

Souza Lima, que concedeu a soltura, foi aposentado compulsoriamente pelo

Órgão Especial do Tribunal de Justiça. Depois de pôr o traficante em

liberdade, o Tribunal abriu um processo administrativo para analisar as

decisões do magistrado, alegando “falta de fundamentação” na decisão de

soltar Capuava.

Outro que seguiu para o Paraguai, em 2017, foi Rogério Jeremias de

Simone, o Gegê do Mangue. Depois de 22 anos preso, Gegê já havia

cumprido o que devia à Justiça. Precisava, no entanto, responder à acusação

em dois processos por homicídio, que ele teria ordenado por telefone celular

de dentro da cadeia como chefão do PCC. Num desses processos, de duplo

homicídio, ocorrido em 2007 em São Paulo, sua defesa havia conseguido um

habeas corpus, concedido em 2014 pelo ministro Marco Aurélio Mello, do

Supremo Tribunal Federal. A decisão do Supremo garantia a Gegê o direito

de aguardar o julgamento em liberdade, mas ele permanecia preso

preventivamente por causa do segundo processo, um homicídio simples,

praticado em 2013. Durante as investigações desse segundo caso, contudo, a

polícia e o Ministério Público não conseguiram provas suficientes para levar

Gegê a júri. Também não existiam em sua ficha na Secretaria de

Administração Penitenciária faltas que justificassem sua detenção. Restou ao

juiz de Presidente Prudente conceder um alvará de soltura. Ato contínuo,

como era de esperar, Gegê desapareceu do mapa.

Tanto Gegê como Capuava seguiriam em atividades importantes no crime

do lado de fora da prisão. Mas isso duraria pouco. Gegê foi assassinado por

comparsas em Fortaleza em fevereiro de 2018, quando partia para a Bolívia

em um helicóptero, onde articulava ações da facção (a história está detalhada

no capítulo 9). Capuava foi preso pela polícia paulista no mês seguinte ao da

morte de Gegê. Ele e outros cinco suspeitos foram flagrados com drogas e

armas numa chácara em Mogi das Cruzes. O grupo tentou fugir, mas o carro

capotou e a polícia conseguiu prender todos. Na época, Capuava era

considerado o principal criminoso em liberdade do estado de São Paulo.

As instituições do Estado, mesmo encarcerando mais do que nunca,

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