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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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Naquela noite, treze homens ligados ao PCC debatiam o destino de um

acusado de estuprar uma menina de doze anos. Quando eles deixavam a

chácara, depararam com quarenta policiais da Rota, que iniciaram os

disparos. Nove pessoas que participavam do debate morreram. Entre os

mortos estava o suposto estuprador, que havia sido inocentado no debate

pelos criminosos. Entre os integrantes da equipe da Rota estava o filho de

Telhada, o tenente Rafael Telhada.

A temperatura da crise aumentou e a truculência policial ganhou destaque

na imprensa. O índice de homicídios voltaria a subir na capital e no estado,

depois de doze anos em queda sucessiva. O governo parecia perder o controle

da situação, e o governador Geraldo Alckmin, que havia herdado o secretário

de seu antecessor, José Serra, decidiu fazer mudanças. Em novembro de

2012, Ferreira Pinto foi substituído pelo ex-procurador-geral Fernando

Grella. Logo ao assumir, Grella sacou do posto o policial que coordenava a

parceria da Rota com o Ministério Público Estadual em Presidente Prudente.

O novo secretário assumiu com ações e discursos que indicavam controle nos

excessos da Polícia Militar. Proibiu, por exemplo, os militares de prestar

socorro a feridos antes da chegada da ambulância, uma antiga reivindicação

de entidades de direitos humanos, que apontavam os riscos para a vítima

durante o trajeto.

De qualquer modo, a política de confronto e os embates de 2012 não

contiveram a ascensão do PCC. A articulação dentro e fora das prisões tinha

ramos diversificados. O dinheiro da venda de drogas viajava por contas no

exterior. O fracasso da política de enfrentamento mais uma vez se revelava.

Três anos depois da morte de Teia, o Projeto Paraguai seria levado a cabo

com sucesso por Paca, integrante da Sintonia Geral Final que estava preso e,

apesar dos extensos serviços prestados à facção, recebeu autorização para

progredir para o regime semiaberto e acabou fugindo numa saída temporária.

Em 2015, o PCC ganhou o reforço de Wellinton Xavier dos Santos,

conhecido como Capuava, preso no mesmo ano com 1,6 tonelada de cocaína

pura e quase uma tonelada de produtos para mistura da droga em um sítio em

Santa Isabel, no interior de São Paulo. Na época da prisão, ele foi apontado

pelo governo como o maior traficante do estado. Mesmo assim, recebeu

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