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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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Sintonia Geral da região”.

Os policiais paulistas começaram a sofrer atentados e os casos passaram a

ser problematizados pela imprensa. A guerra entre Rota e PCC viraria tema

das páginas de jornal, assim como as chacinas. No dia 26 de julho de 2012, o

soldado da Rota Anderson de Sales foi baleado com três tiros de fuzil no

Jaçanã, bairro de classe média baixa da cidade. Dois dias depois, em apenas

quatro horas, seis pessoas morreram na vizinhança por assassinos de moto

com toucas ninja. As primeiras três pessoas morreram a cerca de duzentos

metros de onde o PM havia sido baleado, enquanto jogavam baralho num

lava-rápido. Outras três foram mortas pelos mesmos motoqueiros pouco

depois. A população local descreveu momentos de pânico, com policiais

avisando durante a tarde que todos se recolhessem quando escurecesse

porque haveria o revide.

Em 27 de setembro do mesmo ano, outro policial da Rota, André Peres de

Carvalho, foi atacado ao sair de casa no bairro do Butantã, na Zona Oeste de

São Paulo, por dois homens encapuzados que chegaram em uma moto e

acertaram três tiros de fuzil. A morte do policial produziu revolta, e

mensagens em comunidades de apoio à corporação nas redes sociais

prometiam vingança. “Na Rota não tem tempo para luto. Antes do enterro do

amigo vai começar o velório do inimigo.” Quatro dias depois, uma liderança

do PCC foi morta no bairro de Pirituba: Alex Claudino, ou Chapa, era

considerado um integrante próximo da cúpula do PCC, encarregado de

comandar as ações na Zona Oeste, onde o policial havia sido morto.

Naquele ano, atentados contra policiais, seguidos de chacinas, ocorreriam

também nos bairros da Brasilândia, Cidade Ademar e Cidade Dutra e nas

cidades de Osasco, Guarulhos e São Carlos. No balanço do ano, 96 policiais

morreram – 80% a mais do que no ano anterior. Os mortos em supostos

confrontos com a polícia também atingiriam o maior número desde 2004.

Ainda haveria dezenas de execuções suspeitas, praticadas de madrugada nos

bairros pobres, por homens encapuzados.

A situação começava a ficar insustentável. Ainda em setembro, outro

episódio, numa chácara no município de Várzea Paulista, ganhou destaque.

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