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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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informações valiosas sobre os bastidores das atividades criminosas numa

azeitada máquina de escutas dentro do sistema penitenciário, que havia

desenvolvido em parceria com o grupo especial de combate ao crime

organizado do Ministério Público de Presidente Prudente. Passou a monitorar

a facção, mas também identificou problemas envolvendo policiais civis

encarregados de combater o crime. Os grampos deixaram o secretário furioso.

Quando assumiu a Segurança, Ferreira Pinto começou a promover mudanças

importantes no combate ao crescimento da facção. Em vez de serem

compartilhadas com a Polícia Civil, como era praxe até então, essas

informações da inteligência passariam para os policiais militares, mais

especificamente para a sua tropa de elite, os boinas pretas da Rota.

Para assumir a missão, o secretário chamou para o cargo um militar com

fama de valente no combate ao crime, com 36 mortes de suspeitos na

carreira: o coronel Paulo Adriano Telhada. O oficial era uma figura

emblemática na corporação. Fiel da Igreja evangélica Congregação Cristã do

Brasil, onde tocava clarinete, Telhada gostava da mística do herói destemido,

que não fugia de tiroteios. Assumiria com desenvoltura esse papel no novo

cargo, ganhando aplausos de uma população amedrontada – quando se

aposentou, em 2012, ganharia credenciais para entrar para a política e se

eleger vereador e deputado estadual.

As ações da Rota na gestão Telhada, bem informadas pelas escutas,

começaram a chamar a atenção da imprensa em agosto de 2011, numa

ocorrência em que cinquenta policiais da corporação surpreenderam um

grupo de quinze criminosos que tentavam roubar dinheiro de um caixa

eletrônico dentro de um supermercado às três horas da madrugada. A

presença da tropa de elite da PM paulista provocou reação e a fuga dos

ladrões. Seis deles foram assassinados. No dia seguinte, numa coletiva de

imprensa, Telhada não mencionou as dicas obtidas na parceria da Rota com o

Ministério Público nas escutas, alegando que a corporação soube do caso por

uma ligação anônima. As investigações depois mostraram que os policiais

chegaram ao supermercado quatro horas antes de ter início o tiroteio. Houve

tempo de sobra para planejar a prisão, e mesmo assim o confronto acabou

ocorrendo.

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