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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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com a morte. Quem mexer com a família de um integrante da facção terá

sua família exterminada.

Ainda seria preciso uma resposta imediata à ofensiva do Estado contra a

facção. Uma das razões da existência do PCC, desde sempre, foi conter o

abuso das autoridades contra os presos. O novo estatuto criaria o artigo 18,

que determinava, nas palavras de Itália:

Todos os integrantes têm o dever de agir com serenidade em cima de

opressões, assassinatos e covardia realizada por agentes penitenciários,

policiais civis e militares e contra a máquina do Estado. Se alguma vida

for tirada com esses mecanismos (covardias, extorsões etc.) pelos nossos

inimigos, os integrantes do Comando que estiverem cadastrados na

quebrada do ocorrido deverão se unir e dar o mesmo tratamento que eles

merecem. Vida se paga com vida e sangue se paga com sangue.

Seria uma reedição dos ataques contra as autoridades, como os ocorridos em

maio de 2006, quando 59 policiais e agentes penitenciários foram mortos por

integrantes do PCC num único fim de semana. À época, a resposta violenta do

Estado nos dias que se seguiram, produzindo centenas de mortes nos bairros

pobres e promovendo o endurecimento do cotidiano nos presídios, levou a

facção a mudar de estratégia. Cinco anos depois, com as lições do episódio

assimiladas, o PCC dava ordens para matar autoridades no varejo, dando início

a uma nova queda de braço entre os criminosos e o Estado.

Desde 2009, os homicídios de membros do PCC e as apreensões de drogas

da facção em São Paulo vinham provocando preocupação na cúpula do

Partido do Crime. Havia motivo para o alerta. Em março daquele ano, o expolicial

militar e procurador de Justiça Antonio Ferreira Pinto assumiu a

Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, tornando-se o comandante das

polícias militar e civil. Ferreira Pinto havia entrado no governo depois dos

ataques de maio de 2006, como secretário de Administração Penitenciária.

Desde que começara a comandar os presídios, vinha acumulando

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