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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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paulistas e indivíduos de outras localidades brasileiras foragidos ou recémsaídos

das prisões e já absorvidos pelas redes do Partido do Crime.

A resposta do PCC não tardaria. Em regra, o Partido do Crime prioriza o

convencimento como forma de cooptação e, portanto, estratégia de expansão.

Diplomacia em primeiro lugar. Rafaat não apenas não estava disposto a

integrar a rede como também não tinha simpatia por esse modelo que

contrariava sua forma de exercer o poder local. Mas Rafaat não declarava

guerra ao PCC de maneira explícita, optando por fazer uma espécie de jogo

duplo. Por um lado, parecia não se incomodar com o crescimento dos

brasileiros vinculados ao Partido em Ponta Porã e em Pedro Juan Caballero.

Por outro, informava à polícia o paradeiro dos inimigos e ordenava a seus

sicários que os sequestrassem e executassem. A ordem era não os deixar

“crescer” na região. A questão é que já haviam crescido e, talvez, fosse tarde

demais para que Rafaat conseguisse manter intacta a estrutura de poder que

construíra por décadas.

Quando não há espaço para a diplomacia, resta a guerra. A primeira ação

em resposta à resistência de Sadam foi frustrada. Ocorreu em março de 2016.

Na ocasião, um carro-forte foi visto pelos seguranças de Rafaat estacionado

nas proximidades de sua residência. O Rei da Fronteira determinou que eles

fossem verificar. A aproximação alertou os ocupantes do carro-forte, que

saíram em fuga pela cidade de Pedro Juan Caballero perseguidos pelos

seguranças de Rafaat. No tiroteio que se seguiu, um adolescente brasileiro

acabou morto. O carro blindado “suspeito” atravessou a avenida que faz a

divisa entre os dois países e adentrou o território brasileiro. Os seguranças

optaram por interromper a perseguição no limite territorial paraguaio para, de

acordo com o próprio Rafaat, evitar problemas no Brasil em razão das armas

que portavam, de uso restrito das Forças Armadas. Esse caso, embora nunca

tenha sido esclarecido, foi considerado a primeira tentativa de execução de

Rafaat pelo PCC. Depois disso, a tensão só aumentou.

Em 5 de maio de 2016, a Sintonia Geral dos Países – setor do PCC

responsável pela gestão dos negócios da Família fora do Brasil,

especialmente no Paraguai e na Bolívia – elaborou um relatório em que

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