Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
posição de seu sócio, Jorge Rafaat.
Algumas narrativas sobre a ascensão de Rafaat o apontam como sucessor
de Fernandinho Beira-Mar depois que o conhecido chefe do Comando
Vermelho fugiu do Paraguai para a Colômbia e principalmente após sua
prisão, em 2002. Outras narrativas associam seu protagonismo na fronteira à
“queda” de Fahd Jamil, relacionada principalmente ao período em que “El
Padrino” permaneceu em solo paraguaio, foragido da Justiça brasileira. O
certo é que pelo menos a partir do início dos anos 2000 Rafaat passou a
desempenhar o papel de “Rei da Fronteira”, estabelecendo regras e normas na
divisa, determinando punições ou absolvições e influenciando as decisões
políticas nos dois municípios, com protagonismo econômico na região não só
em razão direta de seu próprio império, mas também pela atuação na
associação de comerciantes locais.
Ainda de acordo com alguns relatos, inclusive de moradores e policiais de
Ponta Porã, Rafaat não permitia “desordens” na cidade, punindo
rigorosamente os acusados de pequenos delitos, como furtos e roubos. Mais
de uma dezena de funcionários atuava em sua proteção e, segundo algumas
versões, a empresa de segurança de sua propriedade serviria ao propósito de
justificar esse pequeno exército pessoal, assim como o pesado armamento
utilizado, que incluía até fuzis AK-47. Ao que tudo indica, esse contingente,
formado inclusive por ex-policiais, além de prover segurança e proteção,
incluía matadores profissionais, os sicários, que ameaçavam e executavam
rivais ou desafetos do Rei da Fronteira.
Esses personagens da fronteira associados ao narcotráfico – Fahd Jamil,
Jorge Rafaat, Cabeça Branca – atuavam a partir de relações pessoais,
consórcios e parcerias que pareciam não ser abalados pela concorrência que
estabeleciam entre si. A despeito de serem amplamente conhecidas as
conexões no “submundo” do crime – em práticas que podem ir desde
contrabando e narcotráfico até sequestro, tortura e execuções sumárias –, eles
sempre circularam livremente, tratados como respeitáveis homens de família,
fervorosos defensores da moral e dos bons costumes. Eram considerados,
portanto, agentes da ordem, aliados de políticos e até mesmo das forças de
segurança. A violência se restringia àqueles que viviam nas pontas do