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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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da história do narcotráfico no Brasil, Luiz Carlos da Rocha, vulgo Cabeça

Branca.

O juiz Odilon – conhecido pelo rigor na punição aplicada aos acusados de

tráfico na fronteira – determinou 47 anos de prisão em regime fechado para

Rafaat por tráfico de drogas, contrabando, formação de quadrilha, evasão de

divisas e lavagem de dinheiro. Para Cabeça Branca, na mesma sentença

condenatória, o tempo de prisão em regime fechado chegou a pouco mais de

34 anos. A despeito da longa sentença, Rafaat ficou preso em Campo Grande

por cerca de quatro anos, entre 2003 e 2007. Depois da condenação, em 2014,

obteve um habeas corpus e permaneceu em liberdade, com trânsito livre e

inserção nos círculos da alta sociedade, mantendo proximidade com políticos

dos dois lados da fronteira.

Já Cabeça Branca permaneceu por mais de uma década foragido, com

paradeiro desconhecido pelos agentes policiais. Depois das operações que

resultaram em sua condenação por tráfico de drogas, ele passou a se dedicar

ao comércio atacadista de grandes quantidades de pasta-base e cloridrato,

prioritariamente para o mercado europeu, embora seja considerado também

um dos principais fornecedores para as quadrilhas brasileiras. Afora o

milionário lucro, essa forma de atuação no mercado das drogas ilícitas o

beneficiou com o anonimato por muitos anos, além de mantê-lo distante das

disputas territoriais que envolvem grupos nos setores intermediários e na

ponta da distribuição de cocaína para o mercado nacional.

De acordo com a Polícia Federal, os produtos comercializados pela

quadrilha liderada por Cabeça Branca possuem o “selo de qualidade” TOTO

100% PUREZA, marca registrada desse que era considerado o maior traficante

brasileiro, com um patrimônio estimado em 100 milhões de dólares e

movimentação superior a 1 bilhão de reais. Em julho de 2017, Luiz Carlos da

Rocha foi finalmente localizado e preso numa fazenda na cidade de Sorriso,

em Mato Grosso, no âmbito de uma megaoperação da Polícia Federal não por

acaso chamada Operação Spectrum. Ao contrário de outros barões da droga,

Cabeça Branca nunca esteve associado a um território específico, ele prima

pela discrição e diplomacia e não se conhecem vínculos seus com as disputas

violentas tão comuns no submundo do tráfico de drogas. Bem diferente era a

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