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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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mantido distantes dos conflitos violentos que vêm marcando a vida na

fronteira na última década.

A menor ostensividade de “El Padrino” coincide com o crescimento do

conterrâneo sul-mato-grossense Jorge Rafaat Toumani a partir de meados dos

anos 1990. O lugar do poder não fica vazio no milionário mundo da fronteira.

Embora Rafaat reproduzisse em muitos pontos as dinâmicas econômicas e

políticas nas quais Fahd estava inserido, parecia se caracterizar por uma

forma de gestão mais moderna e empresarial, menos focada no domínio de

território.

***

Durante a década de 1990, a fortuna de Rafaat cresceu em ritmo acelerado.

Ele construiu um império econômico por meio de dezenas de negócios que

envolviam terras, comércio de pneus, faculdades, empresas de segurança.

Não se sabe exatamente o momento em que trocou o contrabando pelo

narcotráfico. Mas foi no ano de 1999 que ele apareceu pela primeira vez no

radar da polícia brasileira. As investigações sobre as atividades que Rafaat

desenvolvia por trás de seu império econômico permitiram aos policiais

brasileiros identificar toneladas de drogas – maconha e cocaína – em diversos

estabelecimentos e veículos de sua propriedade: na Fazenda São Rafael em

Ponta Porã; num jipe que saía da garagem de uma de suas empresas, na

mesma cidade; numa aeronave apreendida em Marília, São Paulo.

Só foi possível associar o empresário aos produtos ilícitos localizados e

apreendidos pela Polícia Federal pelo uso de tecnologias que permitiam

recuperar os mapas de viagens do GPS da aeronave, elaborar laudos

residuográficos da presença dos entorpecentes, recuperar arquivos obtidos em

computadores de suas empresas que continham indícios da propriedade de

aeronaves, veículos, estabelecimentos comerciais e fazendas em nome de

laranjas. A descrição pormenorizada desses procedimentos está na sentença

condenatória do juiz federal Odilon de Oliveira, publicada em 2014, e que

reúne vários processos conexos, com dezenas de réus, na qual Jorge Rafaat é

apontado como chefe da quadrilha ao lado de outro importante personagem

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