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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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1970 interessava aos generais, numa troca de favores que decerto contribuía

para sua impunidade. Com o término da ditadura paraguaia sob o comando

do general Alfredo Stroessner, outro general, Lino Oviedo, passou a

comandar o Exército paraguaio na região de Ciudad del Este e entrou para a

vida política, aproximando-se de Fahd Jamil. Em março de 1999, Oviedo foi

acusado (e, anos depois, absolvido) de ser o mandante, com o apoio de Fahd

Jamil, do assassinato do então vice-presidente do Paraguai, Luis María

Argaña. Embora o envolvimento de Fahd Jamil e mesmo o de Lino Oviedo

nunca tenham sido comprovados, é importante registrar a presença de “El

Padrino” na trama do episódio mais grave da política recente do Paraguai.

O círculo político do próspero “empresário” Fahd Jamil não se restringia

aos generais, entulhos do longo período autoritário do país vizinho. Em 2012,

ninguém menos do que Horácio Cartes, mandatário do Paraguai e, à época,

pré-candidato à presidência pelo Partido Colorado, reconheceu que havia

estabelecido relações comerciais com Jamil.

Bem antes disso, em 2005, a longa trajetória de impunidade de “El

Padrino” fora interrompida pela condenação a mais de vinte anos de prisão

pelos crimes de tráfico de drogas, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e

evasão de divisas. A sentença determinava a prisão imediata do réu e o início

do cumprimento da pena em regime fechado. Fahd fugiu para o Paraguai e

por dois anos lá viveu confortavelmente, a despeito de ser considerado

foragido no Brasil. Em 2007, teve revogado o pedido de prisão e pôde

aguardar em liberdade o trânsito em julgado da condenação. Dois anos

depois, Jamil foi absolvido e teve de volta todos os bens que haviam sido

sequestrados pelo juiz de primeira instância.

Em 2009, portanto, “El Padrino” volta a ser um homem livre e respeitado,

mas não era mais possível fingir desconhecer a sua trajetória. Por esse

motivo, em 2012, o então pré-candidato colorado Horácio Cartes teve de

explicar publicamente a compra de três fazendas que pertenciam a Jamil. O

motivo alegado foi a quitação de dívidas que “El Padrino” havia contraído

durante a campanha política de seu irmão, Gandi Jamil Georges.

Em 1982, Gandi Jamil Georges foi eleito o deputado estadual mais votado

do estado de Mato Grosso do Sul, pelo PDS (antiga Arena). Em 1986, foi

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