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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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traficantes de maconha do Nordeste brasileiro. Rafaat não ficaria muito

tempo preso. Foi absolvido em razão da ilicitude das provas apresentadas

(interceptação telefônica não autorizada pela Justiça), o que permitiria o

regresso à fronteira e a construção de seu império.

***

Várias cidades fronteiriças de Mato Grosso do Sul e do Paraná abrigam

comunidades “árabes”, constituídas por imigrantes de origem principalmente

síria e libanesa. Não é diferente em Ponta Porã e Pedro Juan Caballero. Antes

de Rafaat – apelidado de Turco em virtude das sobrancelhas grossas e traços

físicos herdados do pai –, um personagem importante da região foi outro

empresário brasileiro de origem libanesa: Fahd Jamil Georges, nascido em

Campo Grande, que também construiu seu império na fronteira.

Tornou-se ponto turístico de Ponta Porã a mansão que ocupa um

quarteirão inteiro e é uma réplica da casa do roqueiro Elvis Presley. A casa

destoa completamente das residências simples da pequena cidade. É

impossível se aproximar daquela construção de quase 2 mil metros quadrados

e não se sentir intimidado pela vigilância das várias guaritas posicionadas de

forma estratégica. Mesmo sem placa de identificação, todos na cidade sabem

que a mansão é um “bunker” de seu proprietário, o empresário Fahd Jamil,

conhecido na fronteira como “El Padrino”.

Figura controversa, “El Padrino” tem uma trajetória marcada pelo

envolvimento com altos escalões da política paraguaia, um rol de acusações

de crimes – desde o contrabando de cigarros e armas, passando pelo

narcotráfico e por lavagem de dinheiro, até homicídios – e uma capacidade

impressionante de permanecer impune. Foi – e, de certa forma, ainda é –

dono de dezenas de imóveis, hotel, cassino, cavalos de raça, propriedades

rurais no Brasil e no Paraguai, empresas, casa de câmbio, rádios e da mansão

onde vive até hoje, avaliada em mais de 6 milhões de reais.

As narrativas sobre Fahd Jamil apontam a proximidade dele com figuras

importantes da ditadura militar paraguaia e brasileira. O controle que “El

Padrino” mantinha sobre o território fronteiriço desde os idos da década de

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