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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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brasileiro-paraguaio, o Rei da Fronteira, Jorge Rafaat Toumani. Também

conhecido como “Sadam” ou como “Turco”, Rafaat se dedicava havia

décadas a práticas de diversos crimes ao mesmo tempo que circulava com

desenvoltura entre a elite econômica e política de Pedro Juan Caballero e de

Ponta Porã.

Filho de pai brasileiro de origem libanesa e mãe paraguaia, Jorge Rafaat

Toumani nasceu numa tradicional família de comerciantes em Ponta Porã. O

comércio da família, típico dessa região da fronteira, reunia bugigangas de

todos os tipos e eletroeletrônicos, vendidos numa pequena loja no centro

comercial da cidade. Graduado em direito nos anos 1980 numa universidade

de Dourados, cidade situada a cerca de 120 quilômetros de Ponta Porã, na

direção de Campo Grande, Rafaat passou a comercializar no Brasil produtos

trazidos do Paraguai. Trabalhou como sacoleiro até o início dos anos 1990,

quando a mudança da política econômica brasileira e, especialmente, a

adoção de uma nova política cambial a partir do Plano Real reduziram

drasticamente os lucros obtidos nesse tipo de comércio. Além disso, a

abertura dos mercados e a inundação do Brasil pelos produtos chineses

também contribuíram para reduzir a atratividade do comércio de produtos

trazidos do Paraguai. Após ter quebrado, Rafaat teria sumido e retornado à

região quatro anos mais tarde, esbanjando dinheiro. Essa narrativa é coerente

com a biografia de “Sadam” na Justiça.

A ficha criminal de Jorge Rafaat é extensa e remete a meados dos anos

1980. Em 1986, ele foi absolvido num processo por contrabando, resistência

e corrupção ativa. No ano seguinte, foi novamente denunciado por

contrabando. Mas na década seguinte é que Sadam tornou-se suspeito de

envolvimento com atividades criminais relacionadas ao tráfico de drogas e

armas, período que coincide com o relato de falência nas atividades

comerciais seguida de seu rápido e curioso enriquecimento.

Em 1994, no dia 30 de abril, Jorge Rafaat foi preso em Arapiraca, cidade

da região agreste do estado de Alagoas, a 128 quilômetros da capital, Maceió.

Ele foi autuado em flagrante com onze revólveres, 35 pistolas, quatro

espingardas, quatro fuzis, três submetralhadoras e 75 caixas de munições

variadas. De acordo com as investigações, esse material seria destinado a

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