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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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Todos lá no py se fortaleceram comigo/Em 4 anos eu vendi + d 10 mil k

[toneladas de droga]/Não tenho o q fala deles [traficantes paraguaios] tao

quanto nao tem o q fala d mim/Só q todo espaço q abriu foi com fruto do

meu trabalho/pois nunca mexeram com isso [cloridrato e pasta-base]. [3]

A estagnação do Projeto Paraguai perduraria até 2014. Em 1 o de abril daquele

ano, Tiquinho foi preso pela Polícia Federal. Esse golpe na organização,

contudo, seria minimizado de forma generosa com a concessão de um habeas

corpus, ainda no ano de 2014, para uma das peças-chave do PCC, o Paca,

como era conhecido Fabiano Alves de Souza. Paca fazia parte da Sintonia

Geral Final e gozava da extrema confiança das lideranças presas em São

Paulo. E ele não decepcionaria. Imediatamente após a saída da prisão, seguiu

para o Paraguai.

Entre 2014 e 2015, o PCC efetivamente intensificou a presença no território

paraguaio, sobretudo nas cidades próximas à fronteira brasileira. O foco

principal da organização na região é Pedro Juan Caballero, cidade gêmea da

sul-mato-grossense Ponta Porã, formando uma densa malha urbana,

conectada em termos econômicos, culturais e, claro, criminais. Ocorre que a

pretensão expansionista e monopolista do PCC não tardaria a incomodar

outros importantes atores dessa cena criminal fronteiriça, o que é fato

corriqueiro nos mercados ilícitos e já vinha acarretando diversas mortes em

outras partes do Brasil. No período entre 2013 e 2015, esse “incômodo”

passou a ser expresso de forma bastante eloquente através do assassinato de

pessoas associadas à facção paulista na fronteira. As execuções dos

brasileiros na região de Pedro Juan Caballero e Ponta Porã provocaram uma

escalada dos homicídios na região.

***

O palco de uma guerra sangrenta estava sendo rápida e silenciosamente

construído. De um lado se posicionava o Partido do Crime e as dezenas de

integrantes brasileiros – e também paraguaios – que seguiram para a região

ou ali foram arregimentados; do outro lado, o “comerciante e empresário”

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