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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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realmente mostrasse para ele o que realmente acontece na nossa Família.

Depois disso o William, o Capilo e o Velhinho que também não tinham

muito conhecimento disso tudo que é o nosso trabalho, entenderam e

demonstraram uma grande vontade de participar desse projeto nosso.

Entre 2008 e o início de 2011, Capilo foi um dos principais fornecedores de

maconha, cocaína e armas – especialmente fuzis – para o PCC. Mas era mais

do que isso. De fato, ele parece ter se interessado bastante pelo projeto

narrado por Corcel e foi batizado, sendo um dos primeiros estrangeiros a se

tornar irmão do PCC. Passou a ser uma figura importante na relação da facção

com traficantes paraguaios e bolivianos, um braço do Partido do Crime no

Paraguai, onde se apresentava como “Embaixador do PCC”.

Capilo, que também era chamado pelos integrantes do PCC de “Da Kaiser”

– possivelmente por sua semelhança física com um ator baixinho e bigodudo

que atuou na propaganda da marca de cerveja brasileira –, foi preso por

agentes da Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai (Senad) em dezembro

de 2009 no departamento de Concepción, no Paraguai, num hotel-fazenda.

Com Capilo estava o brasileiro Jarvis Chimenes Pavão, apontado como um

dos principais distribuidores de drogas a traficantes brasileiros, também com

papel central na história de conflitos, crimes, violência e poder que marca a

atuação dos grupos criminais na fronteira entre Brasil e Paraguai. Na prisão, o

paraguaio continuou trabalhando para o PCC a todo o vapor, fazendo do

cárcere paraguaio seu escritório do crime.

São inúmeras as conversas e mensagens que envolvem o comércio entre

as lideranças presas na Penitenciária II de Presidente Venceslau e o paraguaio.

Essas conversas abrangiam a discussão de grandes remessas de drogas e os

valores que deveriam ser pagos, condições, prazos e formas de pagamento,

assim como o local de entrega e os responsáveis por acompanhar e receber as

remessas. Carregamentos de armas e seus respectivos valores também

apareciam nas negociações. Em junho de 2010, por exemplo, Capilo informa

às lideranças do PCC que estava enviando três fuzis modelo M-14 ao preço de

33 mil reais cada e que poderia conseguir fuzis modelo AK-47 no valor de 40

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