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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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B) POLÍCIAS CORRUPTOS;

C) DIRETORES CORRUPTOS;

D) ÓRGÃOS DO GOVERNO CORRUPTOS;

E) MEMBROS DO PCC;

O SRN ACONSELHA A TODOS FICAREM EM SUAS CASAS ESSA SEMANA, FECHEM

SEUS COMÉRCIOS E ASSISTAM A TV, VÃO ENTENDER MELHOR PORQUE.

NOS NÃO QUERÍAMOS ESSA GUERRA, MAS AGORA, NÃO TEM MAS VOLTA;

ATENCIOSAMENTE,

*SINDICATO DO RN*

A tensão entre as facções continuou na semana seguinte. Depois da rebelião,

220 presos do Sindicato foram transferidos de Alcaçuz, produzindo revolta

dos criminosos nas ruas de Natal, com queimas de ônibus por todo o estado.

As suspeitas eram de que o governo estaria favorecendo a facção paulista ao

retirar em peso os integrantes da gangue local, deixando uma massa de presos

à deriva. No presídio, os rivais seguiam amotinados sobre os telhados dos

pavilhões, com bandeiras das facções tremulando ao vento forte das dunas de

Natal, com trocas de provocações destinadas aos canais de tv, sem que

autoridades conseguissem desarmar a tensão.

As quadrilhas gravavam vídeos e trocavam provocações. No domingo, o

Fantástico, da Rede Globo, fez uma matéria sobre a situação no presídio e

mostrou um preso do Sindicato anunciando a retomada do pavilhão 3. No dia

seguinte, um preso do PCC gravava um vídeo de dentro da prisão desmentindo

a reportagem. Ele afirmava no vídeo, divulgado no YouTube, que o pavilhão

3 havia sido entregue aos rivais pela polícia. Em meio à confusão, os presos

respondiam aos grandes veículos e davam sua versão dos fatos, sem a

necessidade de mediação dos jornalistas.

No decorrer de todo o mês de janeiro, vídeos em tempo real e mensagens

trocadas por presos de todo o Brasil deixaram o sistema na iminência de

desabar. O próximo massacre parecia apenas questão de tempo. No Ceará,

onde o PCC havia crescido, um áudio gravado no dia seguinte à chacina de

Natal registrava uma assembleia de presos da facção se preparando para a

batalha. Um dos detentos, que se apresenta como Trovão, puxa gritos de

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