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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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tentando se livrar da pecha de chefe podem ter aberto espaço para o

crescimento de uma liderança rival. A morte de Birosca naquelas

circunstâncias, portanto, podia ser um sinal de que Gegê estava propondo

uma queda de braço com a velha guarda. Todas essas hipóteses mereciam

atenção dobrada e levantavam diversas perguntas. Mais do que um problema

interno da facção, a compreensão dessa dinâmica podia afetar o futuro da

segurança pública em São Paulo. Caso o PCC rachasse e mais grupos se

formassem, haveria o risco de São Paulo viver um processo semelhante ao

ocorrido no Rio de Janeiro? Prever os desdobramentos parecia uma missão

impossível. As disputas ocorridas em 2002, quando Cesinha e Geleião foram

expulsos, não produziram um racha no crime do estado. Ao contrário. O PCC

conseguiu se fortalecer em torno da liderança de Marcola. Dessa vez seria

diferente?

A temperatura seguiu elevada por conta da expectativa de confrontos.

Conflitos localizados já haviam começado a ocorrer em São Paulo logo

depois das rebeliões nacionais, quando um antigo rival do PCC, o Comando

Revolucionário Brasileiro da Criminalidade (CRBC), decidiu brigar para

crescer nas quebradas. O CRBC foi fundado em dezembro de 1999 na

Penitenciária de Guarulhos. Com a expansão do PCC depois dos anos 2000, o

grupo foi perdendo espaço e quase desapareceu dos presídios, passando a se

concentrar basicamente na Penitenciária Parada Neto, também em Guarulhos.

Depois das rebeliões em 2017, os rivais tentaram aproveitar a oportunidade

para avançar no mercado de drogas da cidade, a segunda mais populosa do

estado. A movimentação provocou embates entre integrantes do grupo,

segundo os investigadores da Divisão de Homicídios de Guarulhos, o que

produziu um raro crescimento de mortes na região no primeiro trimestre do

ano. Muitas dessas mortes ocorreram depois de debates entre integrantes do

PCC para sentenciar à morte acusados de pertencer ao grupo inimigo. As

vítimas foram capturadas, torturadas e executadas.

No começo de 2018, houve uma nova ofensiva localizada em território

paulista contra o PCC. Dessa vez, segundo relatos não confirmados pelas

autoridades, o CRBC atuou em conjunto com integrantes da Família do Norte e

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