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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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que ocupavam posições as mais variadas, com know-how criminoso também

bastante plural, migrava para o país vizinho. O desconhecimento do modus

operandi dos grupos brasileiros e a corrupção sistêmica das autoridades

policiais e judiciais paraguaias garantiam o anonimato, a impunidade e a

instalação de importantes centros operacionais do PCC no país.

Além da fragilidade institucional do país vizinho, cujo governo não

percebeu de imediato o que estava acontecendo, esses indivíduos foragidos

encontravam no Paraguai redes criminais que já eram familiares e nas quais

era fácil a própria inserção, numa espiral que se fortalecia conforme

aumentava a migração de criminosos.

Essas novas articulações começavam a produzir ações inéditas, que

assustavam as autoridades paraguaias. A madrugada do dia 24 de abril de

2017, por exemplo, ficou marcada para muitos moradores de Ciudad del Este,

cidade paraguaia vizinha a Foz do Iguaçu, conhecida pelo comércio pujante e

destino de boa parte dos sacoleiros brasileiros. A preparação para o maior

roubo da história do Paraguai, o assalto à empresa de valores Prosegur,

começou ainda no início da madrugada, por volta de uma hora. Vários carros

foram queimados em locais estratégicos da cidade para formar barricadas,

dificultar o acesso das forças policiais à região do roubo e desviar a atenção

da polícia. Meia hora depois, três carros estacionaram na frente da empresa.

Deles saíram três indivíduos armados com metralhadoras, que renderam a

segurança do local, inclusive abordando quem passava pela rua. Por volta de

duas da manhã houve a primeira de uma série de explosões e tiros que

aterrorizaram os moradores da região e quebraram os vidros das janelas de

muitas casas e estabelecimentos comerciais. Um policial foi assassinado

enquanto dormia dentro de um carro estacionado, provavelmente trabalhando

como segurança do local.

A execução do roubo envolveu cerca de cinquenta homens em pelo menos

dez veículos de luxo e blindados, além de uma enorme quantidade de

granadas, fuzis e metralhadoras antiaéreas. Vários portões, muros e paredes

da sede da empresa foram derrubados em explosões que danificaram a

estrutura de imóveis vizinhos. O cenário após o roubo foi de destruição. Na

fuga, quinze veículos foram incendiados pelos assaltantes. Para dificultar a

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