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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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contato com outros presos, visitantes ou visitas íntimas. No banho de sol no

RDD, restrito a duas horas diárias, os presos não se encontram. A capacidade

de comando, portanto, ficaria praticamente interditada. A dureza das

sentenças afetava alguns dos nomes principais do Partido, responsabilizados

penalmente por boa parte das acusações ligadas à facção. Marcola, por

exemplo, desde que foi apontado como líder do PCC, acumulou penas que

somam 234 anos de prisão – mando do assassinato do juiz corregedor de

Presidente Prudente Antonio José Machado Dias, mortes durante a rebelião

de 2001 e os ataques de 2006. Como a lei brasileira impede que pessoas

fiquem presas mais do que trinta anos ininterruptamente, Marcola sairia da

prisão em 2029 – ele foi preso a última vez em 1999. Talvez saísse antes, se

conseguisse algum benefício na progressão do regime. Para isso, seria preciso

mudar o estigma de grande chefe do crime nacional.

Em outubro de 2017, Marcola tentou um movimento nesse sentido. Ele

prestou depoimento por videoconferência a um juiz da Comarca de

Presidente Venceslau, durante um interrogatório judicial referente à Operação

Ethos. O processo investigava a participação dele no planejamento das ações

descobertas pela Ethos. Marcola, primeiro, negou que fizesse parte do PCC.

Eu tive um problema com esses líderes do PCC. Eles mandaram assassinar

minha esposa, assassinaram minha esposa, Dra. Ana Maria [Olivatto], que

era advogada, e mandaram assassinar a mim. Eu declarei uma guerra

contra eles. O sistema penitenciário estava cansado de ser oprimido por

eles, ser extorquido por eles, e de ser assassinado a bel-prazer deles.

Quando o sistema repudiou a eles, eu passei a ser visto pelo sistema

penitenciário como líder do PCC. Já que eu tinha vencido os líderes que

eram Geleião e outros, o sistema achava que eu era o líder deles. Nessa

época, eu tinha contato com o [promotor José Carlos] Dr. Blat, do Gaeco

[Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado], Dr. Marcio

Christino, também do Gaeco, Dr. Rui [Ferraz Fontes], que era delegado

titular da delegacia que investiga o crime organizado e roubo a banco. Eu

expliquei para eles o que estava acontecendo, que o sistema estava me

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