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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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de caos. Houve suspeitas sobre a ação de grupos de extermínio de policiais na

onda de violência. Assim como no Rio e em Pernambuco, a autoridade

política do estado havia sido posta em xeque, abrindo espaço para a lei do

mais forte. A ampliação das redes de distribuição de drogas e armas

promovida com a ajuda do PCC impunha novos desafios às instituições

estaduais de segurança e Justiça. A corrosão da autoridade dos governos

locais não passaria despercebida e poderia vir acompanhada de disputas entre

grupos armados, afetando diretamente o cotidiano das cidades brasileiras.

***

O Primeiro Comando da Capital, depois da expansão pelo território nacional

e para além das fronteiras, viu-se diante de problemas localizados que

ameaçavam a rede costurada pelo grupo. Não bastassem o assassinato de

Rafaat e a crise nos presídios, que demandavam decisões estratégicas das

lideranças da facção, em novembro de 2016 uma operação policial foi

deflagrada em São Paulo, abalando o centro nervoso do PCC na Penitenciária

II de Presidente Venceslau. Comandada pelo Ministério Público e pela Polícia

Civil paulistas, a Operação Ethos prendeu 33 advogados suspeitos de

colaborar com o grupo criminoso. Na ação, também foi detido o vicepresidente

do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana,

Luiz Carlos Santos, o que causou alvoroço nas redes sociais. Era como se,

finalmente, o estigma de que os defensores dos direitos humanos eram

“defensores de bandidos” tivesse sido comprovado.

Os advogados presos na Operação Ethos eram acusados de participar de

uma célula jurídica da facção chamada de Célula R, em referência a

recursistas, termo usado para detentos que ajudam os colegas com recursos

para acelerar a progressão de pena nos tribunais. Esses advogados eram

contratados com o objetivo de prestar serviços aos familiares e filiados à

facção, pagando auxílio funerário, serviços médicos e hospitalares e dando

contribuições financeiras para imprevistos do dia a dia. Tudo isso com as

receitas obtidas no comércio de drogas e outros crimes, mensalidades e rifas

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