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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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entusiasta do Pacto, o levaria a disputar a presidência da República em 2014,

como cabeça da chapa com Marina Silva. Durante a campanha, em agosto

daquele ano, no entanto, ele morreu em um desastre de avião.

A ausência do governador serviu para mostrar que as coisas não iam tão

bem em Pernambuco como pareciam. Ainda em maio de 2014, quando ele se

preparava para a campanha presidencial, policiais militares e bombeiros de

Pernambuco decretaram greve. Saques, assaltos, arrastões, homicídios e

histórias compartilhadas nas redes sociais causaram pânico nas cidades. A

relação entre governos e instituições de segurança estava desgastada. Os

homicídios voltaram a crescer, o que deu início a uma espiral que levou ao

recorde de casos em 2017. A fragilidade estrutural se revelou, o governo

parecia incapaz de reconstruir a autoridade e os conflitos voltaram com toda a

força, como se nunca tivessem dado trégua.

Um roteiro parecido se repetiu anos depois no Espírito Santo. Os

capixabas haviam feito a lição de casa ao lançar o Estado Presente em Defesa

da Vida em maio de 2011. Criaram reuniões semanais entre comandantes da

PM e delegados regionais, assim como encontros mensais com a participação

de promotores e juízes, prefeitos e entidades da sociedade civil. Investiram

em inteligência para compreender a forma de atuação dos grupos que mais

matam nos bairros violentos, que também receberam investimentos

concentrados. O sistema penitenciário do estado, que chegava a usar

contêineres para enfrentar a falta de vagas, recebeu investimentos e dobrou de

tamanho, o que fez diminuir a superlotação. Pela primeira vez na história, o

Espírito Santo, que sempre havia liderado o ranking da violência, registrou

sete anos seguidos de queda. O crime podia seguir lucrando, mas parecia ter

dado um passo atrás e parado com os assassinatos.

No começo de fevereiro de 2017, diante de cortes no orçamento e de um

discurso governamental de austeridade fiscal que congelava o salário dos

servidores públicos, os policiais militares decidiram se aquartelar e deixar as

ruas do estado, dando início a um movimento grevista que duraria 22 dias –

uma eternidade. Durante a paralisação, os assassinatos explodiram, sem falar

em saques, assaltos ao comércio e quebra-quebra, que apavoraram a

população. Imagens viralizaram pelas redes sociais, aumentando a sensação

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