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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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agosto daquele ano, quando o anúncio da instalação de bloqueadores de

celulares produziu uma onda de ataques nas ruas de Rio Branco. Quatro

ônibus foram incendiados e a circulação do transporte coletivo foi suspensa.

A posição estratégica na divisa com Peru e Bolívia em meio à Floresta

Amazônica já vinha atraindo o interesse das facções e atacadistas para a

região. Com o racha entre o PCC e o CV em 2016, seguido das rebeliões pelo

Brasil, a rivalidade se intensificou entre os grupos criminosos do Acre. Os

conflitos em 2017 viriam com a estética dos proibidões ao ritmo de rap e

funk, narrando a história do grupo e suas lideranças. Rivais filmavam as

mortes com celulares e compartilhavam nas redes sociais. Uma das cenas

mostra Deborah Freitas, de dezenove anos, mãe de uma criança de dois anos,

esquartejada e abandonada numa cova rasa no meio do mato. Cenas do

assassinato, praticado por cinco jovens ligados ao Bonde dos 13, foram

compartilhadas no YouTube. O corpo da menina foi localizado pela família

com base em pistas anônimas. Só puderam chegar ao local exato porque

viram urubus sobrevoando o ponto da mata onde o corpo tinha sido

abandonado.

Situação diferente foi testemunhada no Rio de Janeiro, Espírito Santo e

Pernambuco. Ao lado de São Paulo, esses três estados lideravam as taxas de

violência nos anos 1980 e 1990. Ao longo dos anos 2000, contudo, mesmo

com a ampliação e a diversificação das redes do tráfico de drogas no Brasil,

seus governos conseguiram bons resultados no controle das taxas de

homicídios. O controle e a retomada da violência nesses lugares acenderam o

debate a respeito do papel político das autoridades locais nas pacificações de

conflitos.

As UPPs, por exemplo, que foram um divisor de águas nas estratégias de

segurança do Rio de Janeiro, começaram a ser implantadas em 2008. Mesmo

não sendo possível identificar uma causalidade clara, durante sete anos

seguidos a violência no Rio de Janeiro diminuiu. O sucesso do projeto ao

longo dos anos e o fortalecimento das autoridades políticas estaduais – que

receberam eventos mundiais importantes, como Copa do Mundo e

Olimpíadas – ajudaram a criar a percepção de que as regras estabelecidas por

um estado valiam para todos.

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