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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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Comando da Capital vai taca fogo no Golandim, Mãe Luiza e

Parnamirim. Nós sabemos que tem lixo do sindicato morando nos

condomínios, certo? Também no engenheiro e no América. Fica esperto

irmão, a morte do Eduardinho será cobrada, segundo aviso para os cana,

não vai para a ocorrência que essa guerra não é sua. Natal vai tremer

certo? Nós só queremos cobrar a morte do nosso irmão.

A tentativa do Sindicato de mimetizar valores e procedimentos do PCC, com

estatutos e salves repassados aos borbotões, se revelava artificial. A

identidade em torno da facção existia nos bairros pobres do Rio Grande do

Norte, solidários aos presos locais diante da ameaça dos forasteiros paulistas.

Mas os discursos e procedimentos do crime pregados pela facção, importados

da cultura criminal de São Paulo, impostos de cima para baixo, não pareciam

“fazer a cabeça” nem enquadrar o comportamento dos integrantes. Os

conflitos de um mercado de drogas ainda novo nos bairros pobres potiguares

produziam cobranças e acertos distantes dos discursos abstratos das

lideranças das facções. A regra se repetia quando o rastilho de pólvora era

aceso, o que desencadeava conflitos em série que não respeitavam

necessariamente as bandeiras das facções.

No decorrer de 2017, o Rio Grande do Norte assumiria a liderança como o

estado mais violento do Brasil. As condições fiscais do governo agravaram a

crise na segurança, que atingiu o ápice numa greve da polícia em dezembro

de 2017. Durante os dias de paralisação, a média diária de mortes no estado

aumentou 40%, segundo dados do Observatório da Violência Letal

Intencional do Rio Grande do Norte.

A nova dinâmica estabelecida pelas facções também alçaria o Acre ao

topo do ranking da violência, mais precisamente no segundo lugar, posto

alcançado em 2017. Os homicídios no estado aumentaram principalmente

depois de 2015, mesmo com o Acre sendo também a unidade da federação

com a maior proporção de presos no Brasil. O PCC se aliou ao grupo local,

Bonde dos 13, criado em junho de 2013. Juntos, em 2017, os grupos

passaram a ameaçar sistematicamente agentes penitenciários. Muitos foram

obrigados a se mudar de casa. A situação nos presídios voltou a esquentar em

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