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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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durante a rebelião e não foram localizados um ano depois –, saíram do

episódio acusando um conluio entre os criminosos da facção paulista e

integrantes do sistema penitenciário e de segurança do estado. O governo

negou as acusações.

Se não bastassem as ameaças e a tensão natural desses conflitos entre

gangues rivais, as forças policiais ficaram ainda mais acuadas diante da crise

fiscal e política que o governo enfrentava. Alguns policiais que vinham se

articulando em milícias para se defender e ganhar dinheiro sentiram-se

autorizados a tentar demonstrar poder. No dia 20 de fevereiro de 2017, a

morte de um sargento em Ceará-Mirim, na Grande Natal, provocou uma

sucessão de catorze assassinatos nas horas que se seguiram ao crime.

Investigações do Ministério Público atribuíram os assassinatos à ação de um

grupo de extermínio formado por policiais e vigias noturnos que agiam na

cidade, comandados por um policial militar. De cem inquéritos investigados

na cidade, 74 tiveram procedimentos semelhantes aos dos crimes de vingança

ao sargento – execuções feitas de madrugada em bairros pobres com

características de extermínio. O grupo também vendia serviços de segurança

privada.

O Sindicato do Crime, presente na absoluta maioria dos presídios do Rio

Grande do Norte, tentou também se consolidar no mercado varejista de

drogas. Essa presença do lado de fora, no entanto, longe de ocorrer como

numa empresa organizada, em que se respeitam regras, planos e hierarquias,

parece ter sido posta em prática por jovens armados, recém-saídos da

adolescência, que viviam de acordo com as dinâmicas dos conflitos em seus

bairros. Em agosto, um homem foi morto em Golandim, bairro pobre de São

Gonçalo do Amarante, na região metropolitana. Era conhecido como

Eduardinho do Mosquito e suspeito de integrar o PCC. Dias depois, dois

homens, que segundo as autoridades pertenciam ao Sindicato, foram mortos

na mesma comunidade do Mosquito. No dia seguinte, foi a vez do irmão de

Eduardo morrer. A tensão provocada pelo mata-mata aumentou com a

divulgação de áudios nas redes sociais.

Viemos através deste salve geral pros irmãos do RN, que o Primeiro

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