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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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comércio no Morro da Liberdade com a morte de Edilson Queiroz, conhecido

como Queixão. A autoria do crime foi atribuída pela polícia a Roney Marinho

– ambos pertenciam à FDN. Roney sofreu um atentado e depois matou três

pessoas, entre elas o traficante que teria tentado matá-lo. A crise se

intensificou ao longo do primeiro semestre, com a polícia mapeando pelo

menos 56 execuções, que se espalharam por outros bairros da Zona Sul de

Manaus, como Betânia, Crespo e Igarapé dos 40. João Branco e Gelson

Carnaúba foram tragados para os conflitos, provocando ataques e contraataques

entre os aliados de cada um dos lados. A inteligência da polícia e o

Ministério Público de Manaus, no entanto, conseguiram trabalhar e prender

alguns dos pivôs dessas matanças. Em agosto de 2017, Kaio Wellington

Cardoso, conhecido como Mano Kaio, foi preso no Rio de Janeiro depois de

sessenta dias de monitoramento. Segundo a polícia, ele havia viajado para

negociar armamentos e era ligado a Carnaúba. Dois meses depois, em

outubro, foi preso Josué Moraes de Almeida, segundo a polícia, braço direito

de João Branco e um dos seus homens nas disputas na Zona Sul de Manaus.

As prisões não foram suficientes para estancar os focos de conflito. Em

dezembro de 2017, um dos símbolos do crime da FDN no estado, o campo de

futebol do bairro da Compensa, onde havia se formado o time financiado pelo

chefão da facção e que chegou a disputar o campeonato da primeira divisão

do estado, foi atacado durante um treinamento dos jogadores do time T5

Jamaica. Seis pessoas morreram e nove ficaram feridas. O simbolismo e a

ousadia em torno da ação levaram inicialmente as autoridades a suspeitar do

PCC. Durante as investigações, a força-tarefa responsável pelo caso

abandonou a hipótese, apontando a chacina como provável resultado de uma

disputa de mercado na Praça 14 entre os varejistas de Gelson Carnaúba e Zé

da Compensa. Outra hipótese veio de vídeos compartilhados nas redes sociais

em que jovens vendedores de drogas nos bairros afirmavam que não

aceitavam mais as ordens dos chefões isolados. Mais do que um racha, havia

uma revolta dos pequenos traficantes contra os grandes.

No final de janeiro, aconteceria mais uma baixa de peso. Makysoniel

Nogueira Braga, considerado um dos principais aliados de João Branco nas

ruas de Manaus, foi assassinado com doze tiros. Conhecido como Max, ele

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