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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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para enfraquecer alguns comandos. No cotidiano dos estados, cresceram os

conflitos e mortes no varejo da droga em diversos lugares do Brasil. A

tentativa de unificação do crime – o ideal que o PCC tenta vender como

coletivo, em defesa dos oprimidos nas prisões e nas quebradas – se mostrou

improvável. Armas de fogo e disputas por lucros milionários são ingredientes

inflamáveis que tornam o mercado de drogas sujeito a explosões. No dia a dia

desse negócio, um homicídio pode ser o suficiente para acender o rastilho de

pólvora e desencadear vinganças e disputas sucessivas que retroalimentam a

violência local.

Em Manaus, logo depois da megarrebelião de 2017, a Família do Norte

precisou encarar um racha na cúpula que mostrou os limites empresariais e

políticos das lideranças do crime no Amazonas. O governo local, em parceria

com a superintendência da polícia e o Ministério Público federais, já vinha

conseguindo compreender melhor os riscos representados pelos cabeças da

Família, capazes de subornar policiais, juízes e políticos, sempre prontos a

usar a violência para pressionar as autoridades do estado. Essas investigações

começaram em 2014 e ajudaram a mandar os principais chefes da FDN para os

presídios federais e mantê-los isolados.

Zé Roberto da Compensa foi transferido em 2015, durante a Operação La

Muralla, para o presídio de Campo Grande, onde cumpriu pena em Regime

Disciplinar Diferenciado. As outras duas principais lideranças da FDN, Gelson

Carnaúba e João Branco, foram mandadas para o sistema federal em março

de 2016, deixando um enorme buraco no crime do estado. Em 2015, quando

as lideranças ainda estavam no Amazonas, a preocupação do grupo era

controlar o crescimento do PCC dentro das prisões. Mortes isoladas e

mapeadas pela Polícia Federal ocorreram dentro dos presídios por causa

dessa rivalidade, o que provocou a crise que explodiria em 2017. Depois

desse episódio, ao contrário do que se imaginava, a disputa com o PCC acabou

ficando temporariamente de lado. As disputas se concentraram entre os

pequenos traficantes do varejo, chamados de boqueiros, ligados a nomes de

lideranças da própria facção, todos incomunicáveis.

Um desses confrontos começou em fevereiro de 2017 em torno do

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