04.10.2021 Views

A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

família é sincera de coração, sabe que eu era amigo dele e nunca fiz nada

contra ele. Seu filho e meu filho têm negócio juntos. Se sua senhora, que

eu não conheço, e alguns funcionários, se são sinceros, sabem toda a

verdade, que não tenho nada a ver com isso.

Cinco dias após o crime, a família de Rafaat distribuiu um comunicado em

que declarava acreditar na inocência de Jarvis, reiterava a amizade com ele e

a sociedade de seus filhos numa empresa promotora de eventos. O

comunicado enfatizava o desejo dos familiares de viver em paz e continuar

administrando as empresas e comércios familiares que eram até então geridos

por Rafaat e, para isso, pedia segurança ao governo paraguaio.

***

O apelo da família parece não ter surtido efeito. Nos dias seguintes à

execução, as empresas pertencentes a Rafaat foram alvo de tiros de fuzil: os

estabelecimentos comerciais famosos pela venda de pneus a um terço do

preço cobrado em outras localidades do Brasil, Pneus Porã e Líder Pneus, e a

empresa de segurança do Rei da Fronteira, Bureau Gal, foram atacados a tiros

e invadidos por um bando que espalhou combustível pelos locais, tentando

incendiá-los sem sucesso. A família de Rafaat deixou a fronteira, seguindo

para um local não conhecido. Há rumores de que ex-seguranças seriam os

herdeiros nas atividades criminosas e tentariam dar continuidade aos

negócios ilícitos a partir das redes estabelecidas.

Um desses ex-seguranças foi apontado como suspeito de participar de

execuções na região após a morte de Rafaat. Trata-se do ex-soldado da

Polícia Militar de Mato Grosso do Sul Adair José Belo. Autoridades policiais

dos dois países suspeitavam que ele articulava grupos descontentes com a

pretensão de controle do PCC. Parece não ter tido êxito. O ex-policial militar

voltou às manchetes na véspera do Natal de 2017. Em 23 de dezembro, Belo

atirou na nuca de seu tio após uma desavença familiar na região de Cacoal,

interior de Rondônia. O filho da vítima denunciou às autoridades policiais a

identidade de Belo, que tinha usado documentos falsos para comprar terras na

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!