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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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atuação do jovem Galã. O consórcio montado para eliminar alguém

importante, que havia se tornado peça incômoda, foi organizado a partir de

uma divisão do trabalho. Galã foi fundamental. Os riscos óbvios da

empreitada não lhe provocavam receios, e ele tinha como articular os demais

para executar a ação. O PCC era o principal interessado, já que Rafaat era um

obstáculo ao controle do território e dos fluxos criminais. Já o CV, cuja

participação era coadjuvante, teria fornecido o indivíduo capaz de manejar a

metralhadora antiaérea, o carioca Sérgio Lima dos Santos. Por fim, Jarvis

Pavão teria dado apoio logístico e financeiro de dentro da prisão – havia

chegado ao conhecimento de Pavão que o Rei da Fronteira atuava junto às

autoridades para conseguir a extradição do ex-parceiro Jarvis para o Brasil.

Embora não se conheça o resultado das investigações, essa parece ter sido a

constelação de interesses para a eliminação de Jorge Rafaat.

Aparentemente, a decisão de assassinar Rafaat não partiu da cúpula do

PCC, presa em São Paulo. A iniciativa veio da célula que atuava na região da

fronteira e considerava essa ação necessária para a expansão no país vizinho e

o acesso aos canais de fornecimento, à logística e às rotas da economia das

drogas. O PCC detém um complexo sistema de decisões em tênue equilíbrio

entre centralização e autonomia. Não há dúvidas, porém, de que foi um dos

principais beneficiários da morte de Rafaat, pois o chefão da fronteira

trabalhava para eliminar os membros do grupo paulista na região.

Jarvis Pavão sempre negou envolvimento com o crime. O barão das

drogas disse em entrevistas de sua cela em Tacumbú e declarou através de

sua advogada que não tinha envolvimento nem interesse na morte do amigo

Jorge Rafaat. Pavão afirmou que “seu amigo” o teria visitado na prisão um

mês antes da execução e que seus filhos eram sócios em algumas empresas.

Em 14 de setembro de 2016, três meses após a execução de Rafaat, Pavão

recebeu no presídio dois jornalistas paraguaios durante mais de duas horas.

Sobre o crime do qual era acusado de ser o financiador e mandante, ele disse:

Ele [Rafaat] era meu amigo. Eu me coloquei contra a espada para

defendê-lo em outras ocasiões que são irrelevantes agora. E se a sua

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