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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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em “embaixadores” do PCC no Paraguai ou nos novos “chefes do PCC” na

fronteira. Contudo, tais afirmações não se confirmam, ainda que o equívoco

seja compreensível e esteja relacionado a particularidades da estrutura e da

organicidade do PCC, diferentes das do CV.

Galã era jovem, mas gozava de prestígio no mundo do crime. Não se sabe

em que momento ele migrou para a fronteira com o Paraguai, mas é certo que

se inseriu nas mais variadas redes criminais, construindo canais de

escoamento de maconha e cocaína, além de possuir empresas para a lavagem

do dinheiro. Sabe-se que ele trabalhou com os principais chefes da fronteira,

como Jarvis Pavão e até mesmo com Rafaat. E, ainda, que mantinha

conexões com as facções cariocas, especialmente o CV. Como era do interior

paulista e já tinha passagem pelo sistema prisional, possivelmente também

tinha contatos no PCC. Contudo, não era alguém dos “quadros” do PCC. Ou

seja, não tinha uma posição dentro da estrutura do Partido do Crime paulista.

Não há informação se era ou não batizado no PCC, mas não estava na fronteira

“representando” os paulistas.

Galã arrumava muitos inimigos. Tinha fama de ser violento e de não ser

nada discreto na vida pessoal. Era conhecido por desfilar com mulheres

bonitas pela noite em boates e bares das cidades da fronteira de Mato Grosso

do Sul com o Paraguai, exibindo carros, motos, joias e roupas caras. Seus

modos chamavam atenção, num comportamento raramente associado aos

irmãos do PCC.

A impetuosidade de Galã, somada aos interesses de outros atores

importantes, foi determinante para a execução de Jorge Rafaat. Jarvis Pavão,

ao contrário de Rafaat, mantinha boas relações com todas as facções

brasileiras. O Comando Vermelho não tinha interesse específico na

eliminação do Rei da Fronteira, mas, na época, o PCC e o CV ainda atuavam na

região de forma colaborativa. Galã parecia ser o elo entre os dois grupos na

fronteira. Sua região de origem, bem como sua trajetória criminal, apontava

para ele como um ponto de conexão importante entre o grupo paulista e o

carioca.

O Rei da Fronteira passara a incomodar o PCC e a condenar a forma de

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