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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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violento, Galã fez fama na fronteira entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero

pela audácia e, de certa forma, pela inconsequência das suas ações. Natural

de Taubaté, cidade paulista do Vale do Paraíba, região encravada na divisa

entre São Paulo e Rio de Janeiro, Galã passou quase despercebido das

autoridades e da imprensa quando foi preso, em janeiro de 2012, numa casa

de luxo em Campos do Jordão, ao lado dos megaprocurados traficantes

cariocas Fabiano Atanázio da Silva, conhecido como FB, e Luis Cláudio

Serrat Correia, o Claudinho CL.

FB era considerado o chefão do Complexo da Penha, homem de confiança

dos líderes do CV, Marcinho VP e Elias Maluco. Conhecido pela inclemência

e pelo “sangue nos zoio” quanto à conquista de novos territórios através dos

seus “bondes”, FB é apontado como o líder da invasão ao Morro dos

Macacos em 2009, gerando uma guerra que culminou na queda de um

helicóptero da Polícia Militar carioca e na morte de três policiais. A quadrilha

de FB ficou conhecida no ano seguinte, quando as forças policiais invadiram

o Complexo da Penha para a implantação da UPP e as câmeras de um

helicóptero de um canal de televisão flagraram a fuga dos traficantes armados

da Vila Cruzeiro: a pé, de moto, de carro. Alguns morreram, abatidos pelos

atiradores da polícia que sobrevoavam a área. Muitos – entre os quais, FB –

conseguiram fugir. Ao que tudo indica, o grupo se refugiou no Complexo do

Alemão que, na época, sob a liderança do traficante Pezão – que por

coincidência tinha o mesmo apelido do vice-governador –, havia se

transformado no quartel-general do CV na cidade do Rio de Janeiro. FB e CL

passaram por diversas comunidades controladas pelo CV, até serem presos em

Campos do Jordão, no estado de São Paulo.

É importante descrever quem eram os personagens presos em 2012, pois

isso ajuda a compreender os meandros que envolvem a execução de Jorge

Rafaat em junho de 2016. A imprensa e as autoridades apontaram o PCC como

executor daquela ação, estabelecendo uma associação direta entre Jarvis

Pavão e Galã e o Partido do Crime paulista. Para uma parcela de autoridades

policiais e políticos, assim como em grande parte da cobertura da imprensa,

Pavão e Galã eram membros do PCC. Algumas reportagens chegavam a falar

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