You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
policiais envolvidos na operação, as ordens para os crimes haviam partido da
cúpula do PCC, dos integrantes presos no SPF. Os alvos seriam escolhidos pela
função que exerciam e conforme a possibilidade de alcançá-los. Não foram
casos individualizados, em razão de conduta específica dos servidores.
Foram, efetivamente, atentados contra o Estado destinados a aterrorizar os
servidores, forçando o estabelecimento de negociações para afrouxar as
regras disciplinares do SPF. Outra possibilidade seria transferir de volta os
chefões do PCC para cumprir a pena no estado de origem, São Paulo.
A pressão do sindicato dos servidores, contudo, se intensificou, sobretudo
pela demanda que fazia tempos reivindicava: o fim das visitas íntimas no SPF.
Além disso, defendiam a tese de que os presos só recebessem visita no
parlatório, ou seja, sem contato físico com os familiares. Após a morte de
Melissa, o Depen atendeu às demandas e suspendeu as visitas por tempo
indeterminado. Teve então início uma queda de braço envolvendo, de um
lado, o Depen e o sindicato dos agentes penitenciários e, de outro, a defesa de
presos que cumprem pena no SPF. A defesa de Marcinho VP, por exemplo,
obteve liminar para manter as visitas íntimas, mais tarde cassada pela
segunda instância. A defesa dos detentos de outras facções alega que seus
clientes não podem ser punidos por ações de que não participaram. Alega
ainda que a suspensão da visita pune a família do preso.
A alternativa à opressão, como o PCC sabe bem, é a diplomacia, que o
grupo evita abandonar. As famílias dos presos são o caminho legítimo para
pressionar a sociedade e as autoridades. No feriado do dia 15 de novembro de
2017, familiares protestaram em frente ao Museu de Arte de São Paulo
“contra a opressão do sistema carcerário”. A dureza das regras no sistema
federal era uma das pautas, mas também havia familiares reclamando das
condições em São Paulo. O encontro foi marcado para a parte da manhã, mas
havia no local outra manifestação, em defesa da intervenção militar. As
mulheres dos presos decidiram protestar alguns metros adiante. Mães, irmãs,
filhas, mulheres ligadas aos presos em geral estiveram presentes, assim como
entidades de direitos humanos. Algumas tinham ligação com a facção, outras
não – “somos independentes”, tentavam sutilmente explicar. Havia