04.10.2021 Views

A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

policiais envolvidos na operação, as ordens para os crimes haviam partido da

cúpula do PCC, dos integrantes presos no SPF. Os alvos seriam escolhidos pela

função que exerciam e conforme a possibilidade de alcançá-los. Não foram

casos individualizados, em razão de conduta específica dos servidores.

Foram, efetivamente, atentados contra o Estado destinados a aterrorizar os

servidores, forçando o estabelecimento de negociações para afrouxar as

regras disciplinares do SPF. Outra possibilidade seria transferir de volta os

chefões do PCC para cumprir a pena no estado de origem, São Paulo.

A pressão do sindicato dos servidores, contudo, se intensificou, sobretudo

pela demanda que fazia tempos reivindicava: o fim das visitas íntimas no SPF.

Além disso, defendiam a tese de que os presos só recebessem visita no

parlatório, ou seja, sem contato físico com os familiares. Após a morte de

Melissa, o Depen atendeu às demandas e suspendeu as visitas por tempo

indeterminado. Teve então início uma queda de braço envolvendo, de um

lado, o Depen e o sindicato dos agentes penitenciários e, de outro, a defesa de

presos que cumprem pena no SPF. A defesa de Marcinho VP, por exemplo,

obteve liminar para manter as visitas íntimas, mais tarde cassada pela

segunda instância. A defesa dos detentos de outras facções alega que seus

clientes não podem ser punidos por ações de que não participaram. Alega

ainda que a suspensão da visita pune a família do preso.

A alternativa à opressão, como o PCC sabe bem, é a diplomacia, que o

grupo evita abandonar. As famílias dos presos são o caminho legítimo para

pressionar a sociedade e as autoridades. No feriado do dia 15 de novembro de

2017, familiares protestaram em frente ao Museu de Arte de São Paulo

“contra a opressão do sistema carcerário”. A dureza das regras no sistema

federal era uma das pautas, mas também havia familiares reclamando das

condições em São Paulo. O encontro foi marcado para a parte da manhã, mas

havia no local outra manifestação, em defesa da intervenção militar. As

mulheres dos presos decidiram protestar alguns metros adiante. Mães, irmãs,

filhas, mulheres ligadas aos presos em geral estiveram presentes, assim como

entidades de direitos humanos. Algumas tinham ligação com a facção, outras

não – “somos independentes”, tentavam sutilmente explicar. Havia

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!