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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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exemplo, de Fernandinho Beira-Mar (desde 2006), Marcinho VP (desde 2007)

e Nem da Rocinha (desde 2011).

No extremo oposto da postura do Rio de Janeiro, encontra-se o estado de

São Paulo, um dos únicos estados que sempre apresentaram enorme

resistência em transferir seus presos para o SPF – notadamente, os associados

ao PCC. São várias as justificativas oficiais para essa postura. O principal

argumento do governo paulista é a existência de uma unidade prisional nos

mesmos moldes das federais, o Centro de Readaptação Penitenciária de

Presidente Bernardes. Mas é no mínimo estranho que os presos de São Paulo

apontados como líderes do PCC cumpram pena numa penitenciária de regime

comum, a Penitenciária II de Presidente Venceslau, que, como já mencionado,

é chamada pelos presos de W2 ou “cidade proibida” – são raros os períodos

desses presos em Regime Disciplinar Diferenciado. Esse paradoxo sempre

opôs autoridades dos estados às da União, com disputas, acusações e boatos

envolvendo políticos, administradores, especialistas e os próprios

presidiários. Além disso, a questão é tratada pelos governos com notável

opacidade, o que intensifica as especulações sobre as razões dessas escolhas.

Seja como for, é importante ressaltar que, embora o PCC esteja entre as

facções com mais membros presos no sistema federal, a maioria quase

absoluta desses presos não é proveniente do sistema prisional de São Paulo

nem da estrutura paulista do PCC. Em sua quase totalidade eles pertencem à

Sintonia dos Estados e Países ou à Sintonia dos Estados – ou seja, são

provenientes, atuam e cumprem pena em outros estados brasileiros que não

São Paulo. Eles são membros do PCC, mas pertencem aos quadros da

organização fora do território paulista, na expansão que se deu na última

década.

Há, contudo, duas exceções a essa regra.

Os primeiros presos do alto escalão do PCC paulista transferidos para o

sistema federal foram Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka, e Roberto

Soriano, conhecido como Betinho Tiriça. As transferências ocorreram em

meio à crise de 2012, quando mais de cem policiais foram executados em

retaliação à atuação da Polícia Militar paulista.

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