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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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contra prédios do Estado, shoppings e ruas da Zona Sul carioca; execuções de

agentes de segurança, especialmente policiais militares. Tais ocorrências

dariam o tom de uma nova modalidade de crise de segurança pública que

emergia e se articulava a partir das prisões fluminenses. Em setembro de

2002, uma rebelião no complexo de Bangu, liderada pelo traficante

Fernandinho Beira-Mar, deixaria quatro presos mortos e produziria ainda

mais instabilidade, intensificando a insegurança e o medo nas ruas do Rio de

Janeiro.

Um dos mortos foi Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, que havia rompido

com o CV em 1994 para montar a Amigos dos Amigos. Uê tinha bons

contatos com fornecedores de drogas no Paraguai e se aliou ao Terceiro

Comando para fazer frente ao CV. Com isso, as disputas por mercado nos

morros do Rio se tornaram constantes, com cenas trágicas acontecendo no

meio da cidade.

Com os assassinatos em Bangu e a onda de ataques nas ruas da cidade,

Fernandinho Beira-Mar tentava fortalecer a posição da facção no mercado de

drogas do Rio. As autoridades fluminenses não tinham o que fazer com o

preso, pois não dispunham de unidades prisionais seguras o suficiente para

custodiá-lo. Nessa época, apenas São Paulo contava com uma unidade

prisional própria para o cumprimento do dispositivo do Regime Disciplinar

Diferenciado, recém-integrado à Lei de Execução Penal. O Centro de

Readaptação Penitenciária de Presidente Bernardes havia sido inaugurado em

2002, logo após a crise ocorrida em São Paulo no ano anterior, a

megarrebelião de 2001.

Diante da “incontrolável” explosão de violência no Rio de Janeiro, em

fevereiro de 2003 Fernandinho Beira-Mar foi transferido para a recéminaugurada

penitenciária de segurança máxima do Oeste paulista. Contudo, o

governo de São Paulo deixava claro que a permanência de Beira-Mar no

estado não poderia, em hipótese alguma, ultrapassar trinta dias. Passado esse

tempo, Beira-Mar foi transferido para a Superintendência da Polícia Federal

em Maceió, Alagoas, mas retornou a Presidente Bernardes em maio daquele

mesmo ano de 2003. Lá ficou até julho de 2005. De julho de 2005 até julho

de 2006, peregrinou entre unidades prisionais de segurança máxima de várias

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