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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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8. O novo mundo do crime

O ano de 2006 foi um marco. O evento que ficou conhecido como “ataques

de maio” tornou público o domínio do PCC nas cadeias estaduais e a sua

presença em centenas de localidades de todo o estado de São Paulo. Foi,

portanto, a certidão da hegemonia do PCC em solo paulista. A influência da

facção não dependia apenas da presença física de seus membros do lado de

fora das cadeias. Com pouco mais de mil membros soltos, os “irmãos”

estavam distantes da absoluta maioria dos bairros pobres dos 645 municípios

do estado. A força do grupo vinha de dentro das prisões, por onde entrava e

saía a nata da cena criminal paulista, garantindo ao PCC capacidade para

cobrar e controlar o cumprimento das regras do crime. Para além de São

Paulo, depois de maio de 2006, o PCC recebeu ainda a solidariedade dos

presos do Paraná e de Mato Grosso do Sul, evidenciando a importância da

sua presença nesses dois estados estrategicamente essenciais na economia

nacional da droga. A hegemonia em São Paulo era não só um ponto de

partida fundamental para a pretensão de nacionalização do PCC como também

a base necessária para ancorar o salto que o Partido do Crime percebia ser

possível.

Em paralelo, o ano de 2006 inaugurou a primeira unidade prisional que

compunha o Sistema Penitenciário Federal, um novo desenho na política

prisional brasileira com a participação direta da União. O projeto havia sido

anunciado três anos antes pelo recém-eleito presidente Lula, diante de uma

das mais graves crises da segurança do Rio de Janeiro.

Entre maio de 2002 e abril de 2003, o Rio de Janeiro foi palco de

numerosos ataques orquestrados pelo cv, dentro e fora das prisões. Explosão

de bombas, granadas e coquetéis molotov, incêndios em ônibus – inclusive

um com vítima fatal – e veículos; atentados a tiros de fuzis e metralhadoras

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