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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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já indicava que as coisas não iam bem. Inspirado pelos paulistas, o PGC foi

criado em 2003 nos mesmos moldes. Durante boa parte da década, a

convivência entre catarinenses e paulistas foi pacífica. Com o tempo, as

rivalidades cresceram, especialmente a partir de 2009, quando o PCC, em sua

estratégia de expansão, pressionou o PGC para fundir as facções. Na mesma

época, lideranças do PGC foram transferidas para o Sistema Penitenciário

Federal, onde mantiveram contato com líderes de outros grupos, sobretudo do

Comando Vermelho.

Em 2012, o PGC tornou-se nacionalmente conhecido em razão da primeira

onda de violência comandada de dentro do sistema penitenciário de Santa

Catarina. A rebelião teve início no interior da Penitenciária de São Pedro de

Alcântara e atingiu várias cidades catarinenses. Após denúncia de torturas

perpetradas pelo então diretor da prisão – cuja esposa havia sido assassinada

pouco tempo antes, supostamente pelo PGC –, dezenas de ataques eclodiram,

deixando em evidência a conexão entre a prisão e as quebradas, já bem

conhecida de outros estados brasileiros. As denúncias de maus-tratos, porém,

não eram novas. Em 2009, foram exibidos em rede nacional vídeos em que

agentes penitenciários enfiavam a cabeça dos presos num vaso sanitário.

Os ataques nas cidades catarinenses em 2012 seriam apenas os primeiros.

Em 2013, 2014 e 2015, eles se repetiram. Santa Catarina entrava

definitivamente no rol de estados brasileiros em que o crime urbano se

articulava às prisões e cujo protagonismo se atribuía às facções que

controlavam – e disputavam – o sistema prisional e o tráfico de drogas. As

pressões sobre Santa Catarina se intensificavam, e o estado se tornava foco

importante de conflitos. Em Joinville, São José e Florianópolis, desde 2013

os paulistas rivalizavam com o PGC em confronto aberto por pontos de drogas

e pelo acesso ao Porto de Itajaí, importante para a exportação de mercadoria.

A morte de duas mulheres, em novembro de 2015, em Florianópolis, foi a

gota d’água. Os corpos de Taís Cristina Vieira de Almeida, de dezoito anos, e

de uma menina de quinze anos, foram encontrados em um carro. Taís era

“cunhada” do PCC, ou seja, mulher de um membro da facção paulista, e vivia

com um homem apontado como responsável pelo tráfico numa comunidade

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