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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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no Rio, se unindo, aí vai conseguir acabar com a opressão, pois a cada ano

que passa os caras [Estado] está se fortalecendo mais… o intuito de tudo é

se fortalecer [o crime] […] gostaria muito de intermediar uma paz lá [no

Rio de Janeiro], pegar um lugar neutro e parar com isso [guerra].

O integrante da ADA rejeita a possibilidade de aproximar-se de quem matou

amigos seus. No entanto, afirma que “pode haver paz no sentido de acabar a

guerra, um não invade a favela do outro, mas união, não, não tem como, é

muita morte”. Dizia ainda que havia o interesse na aproximação com o PCC,

considerando que “será um espaço muito bom para ambas as partes”, e

confirmava que o “amigo [líder do tráfico local] está a fim de se unir e ficar

em sintonia com eles [PCC], em prol às duas facções e no sentido de unir o

crime”.

O PCC preservava o desejo de intermediar a paz entre os diversos grupos.

No grampo, Teia afirmou: “referente à situação da paz, só tem um jeito:

ninguém mais atacar as bocas de ninguém; cada um cadastrar o seu morro e

cada um ser dono do seu morro”. A proposta era organizar o varejo da droga

nos moldes de São Paulo, registrando os morros para que não houvesse

invasão de outros grupos, e assim frear o ciclo de guerra entre criminosos.

Ainda com referência a essa “missão” e como forma de precaução, uma

das lideranças paulistas sugere ao enviado ao Rio de Janeiro procurar o CV

para “passar pra eles que eles [do PCC] não são inimigos de ninguém, estão

abertos à amizade e não à aliança, o que objetivam é unir todo mundo”. Isto

é, o PCC mais uma vez deixaria claro que estava disposto a estabelecer uma

relação de cooperação com todas as facções do Rio de Janeiro sem, no

entanto, fazer aliança com nenhuma delas – neste caso, aliança significaria

escolher um lado na guerra fratricida que há quase duas décadas fazia com

que os criminosos do Rio de Janeiro se matassem. Em São Paulo, duas

lideranças presas em Presidente Venceslau conversavam sobre o Rio de

Janeiro. Um deles gostou das ideias do “cara” – o líder da ADA –, e “cada vez

que precisar dá pra mandar 08 [irmãos] por vez [no Rio de Janeiro] pra ficar

na escolinha lá [possivelmente de treinamento de manejo de armas longas]”.

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