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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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de guarda e transporte de valores, carros-fortes e caixas eletrônicos tornaramse

alvo de quadrilhas especializadas cuja atuação ultrapassou as grandes

cidades, migrando para regiões, estados e localidades afastadas dos centros

comerciais e industriais. O “novo cangaço” faz parte dessa modalidade, e

caracteriza-se pelo uso intensivo de armas, participação de pelo menos dez

pessoas no bando, escolha de cidades distantes de centros urbanos e ataques

simultâneos a instituições financeiras e a bases da polícia. Em diversos casos,

há o sitiamento da cidade, com fechamento de acessos, ruas e locais

estratégicos, seja para a chegada da polícia, seja para a fuga da quadrilha.

Esses ataques podiam envolver o sequestro de familiares e funcionários das

instituições financeiras e o uso de explosivos.

Marcola fora precursor de ações planejadas que viraram modelo dentro do

PCC. Em julho de 1998, coordenou em São Paulo, em parceria com seu irmão,

Alejandro Juvenal Herbas Camacho, o Júnior, o roubo de 15 milhões de reais

(em valores da época) da Transprev – empresa de transporte de valores na

capital. Uma equipe de criminosos ajudou no levantamento detalhado das

operações e cotidiano da empresa, auxiliada por um ex-funcionário da área de

segurança. Os endereços dos vigilantes e de seus chefes foram registrados.

No dia do crime, os ladrões invadiram o apartamento do coordenador de

segurança da empresa e sequestraram sua família. Em seguida, levaram-no

para a sede da Transprev, garantindo a entrada dos demais criminosos. Para

convencer os demais vigilantes a não reagir, a quadrilha mostrou a eles fotos

de familiares tiradas dias antes. O roubo foi executado sem tiros. As

investigações da polícia identificaram o procedimento da ação, que no ano

seguinte levaria à prisão de Marcola. Júnior foi morar em Fortaleza depois de

fugir do Carandiru, em 2001, onde viveu disfarçado de empresário.

Continuou em liberdade até 2006 e teve um papel importante na articulação

do furto ao Banco Central.

Os assaltantes se profissionalizavam e passavam a escolher os alvos para

diminuir os riscos e aumentar os ganhos. Os roubos também eram

importantes para acumular o capital depois investido na compra de drogas.

Os caixas eletrônicos 24 horas, expostos nas ruas, sem segurança e cheios de

dinheiro, tornaram-se a bola da vez. Os ataques com explosivo se

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