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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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ideológico formulado pelos fundadores. Os propagadores dessas ideias eram

lideranças com carisma e capacidade de comunicação. Nesse primeiro

momento, o crescimento do PCC tinha um componente marcadamente

ideológico e político. O fortalecimento buscava criar mecanismos de defesa

na guerra que o Estado havia declarado contra eles. Muitos dos traços

característicos desse primeiro momento da expansão do PCC para além de São

Paulo desaparecem ou são completamente reformulados na sequência desse

processo, especialmente após 2006.

***

A nacionalização do PCC foi bastante complexa. Até porque não se trata de

um único processo, mas de processos distintos, com lógicas e dinâmicas

próprias. Há a expansão dentro dos cárceres e, concomitantemente, a

expansão fora das prisões. Cada uma carrega especificidades, embora essas

duas dinâmicas – dentro e fora das prisões – se complementem e se reforcem

mutuamente. Outro processo através do qual se deu a expansão dos grupos

organizados dos estados do Sudeste para as demais regiões do Brasil,

principalmente Norte e Nordeste, foi a migração de indivíduos vinculados a

esses grupos. Muitos deles, especialmente do PCC, atuavam em quadrilhas

vinculadas a grandes roubos – bancos, carros-fortes, cargas. Várias dessas

quadrilhas passaram a buscar refúgio em localidades desprotegidas, com

menor capacidade de responder à contundência de crimes ousados, que

podiam envolver o uso de armas de fogo de alto calibre e altos rendimentos.

Outras ações eram caracterizadas por sofisticado planejamento tático,

organização, invisibilidade, silêncio e ausência de qualquer ação violenta. Era

o início de um processo de migração criminal dos centros urbanos para as

regiões mais distantes.

Nesse ponto, o assalto aos cofres do Banco Central do Brasil em

Fortaleza, em agosto de 2005, foi emblemático. Era o maior ataque a uma

instituição financeira já ocorrido no Brasil: na época, foram furtados

aproximadamente 165 milhões de reais, valor que em 2018, corrigido de

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