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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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declaração de independência não havia sido combinada, os grupos entraram

em conflito e se tornaram inimigos. É possível afirmar que, em 2006, quando

presos de Mato Grosso do Sul e Paraná se rebelaram em solidariedade aos

“ataques de maio de 2006” organizados pelo PCC em São Paulo, o PCC já se

afirmava nesses estados a partir de sua nomenclatura original, em oposição

aos respectivos grupos locais. O certo é que tanto o PCP quanto o PCMS

deixariam de existir. Seus integrantes foram mortos ou “rasgaram a camisa”,

ou seja, abandonaram a facção anterior e aderiram ao PCC.

A mudança de estratégia foi expressa na segunda versão do estatuto do

PCC, documento que circulou em 2011, ano em que a facção completou

dezoito anos de existência. O item 12 desse documento deixa claro:

O Comando não tem limite territorial, todos os integrantes que forem

batizados são componentes do Primeiro Comando da Capital,

independente da cidade, estado ou país, todos devem seguir a nossa

disciplina e hierarquia do nosso estatuto.

A presença do PCC em Mato Grosso do Sul e no Paraná esteve diretamente

atrelada às estratégias de transferência das lideranças. Mais uma vez, a facção

cresceria a partir das brechas e erros do governo paulista. Assim o PCC se

afirmaria como grupo majoritário justamente em dois estados cujas fronteiras

constituem as principais portas de entrada de drogas ilícitas em território

brasileiro, especialmente as destinadas às regiões metropolitanas do Sudeste,

o principal mercado dessas substâncias. A presença mais ostensiva do PCC

ocorreu em cidades estratégicas, destacando-se os municípios próximos à

tríplice fronteira do Paraná e as cidades sul-mato-grossenses Ponta Porã, Bela

Vista, Coronel Sapucaia e Corumbá. A presença no Paraná e em Mato Grosso

do Sul garantiu ao PCC vantagens em relação a traficantes dos demais estados

brasileiros, determinando a posição privilegiada assumida pelo grupo

paulista. O acesso aos centros de produção e distribuição de maconha e pastabase

de cocaína permitiu ao PCC firmar posição no mercado atacadista

nacional, tornando-se o principal distribuidor para o mercado brasileiro em

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