04.10.2021 Views

A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

carcerária ficaram evidentes na rebelião ocorrida na PCE em junho de 2001.

Na ocasião, três presos e um agente penitenciário foram mortos. A rebelião

teve duração de quase seis dias e marcou profundamente o sistema prisional

paranaense, sendo propulsora, por exemplo, da presença fixa da Polícia

Militar dentro daquele estabelecimento prisional. Quase uma semana após o

início da conflagração, seus líderes, Geleião, Cesinha e outros 21 presos,

tiveram a demanda por transferência para outros estados atendida pelo

ministro da Justiça, José Gregori, que também garantiu a integridade física

dos presos no trajeto. As transferências ocorreram de acordo com a

solicitação dos próprios rebelados, em tese enviados de volta aos respectivos

estados de origem: treze presos tiveram como destino os cárceres do estado

de São Paulo; quatro seguiram para Santa Catarina; outros quatro foram para

Mato Grosso do Sul; um para o Pará; e um para o Amazonas.

As transferências e rebeliões ajudaram o PCC a espalhar sua ideologia

pelos presídios. Em depoimento à CPI do Tráfico de Armas em 2005, Geleião

confirma ter plantado a semente do PCC no Paraná, batizando presos

paranaenses durante o período em que passou por lá. O grupo Primeiro

Comando do Paraná (PCP) seria o braço do PCC em território paranaense e

atuaria em sintonia com o grupo paulista. De fato, no início de sua expansão

para fora do solo paulista, o PCC chegou a adotar, em alguns lugares, a sigla

com as letras que se referiam ao estado – caso do PCP. Ainda no fim da

década de 1990, no período de peregrinação das lideranças da facção pelo

Brasil, o estado de Mato Grosso do Sul também abrigou os principais nomes

do PCC – Geleião, Cesinha, Misael e outros. Também ali houve êxito na

disseminação do Partido, levada a cabo após a estratégia do governo paulista

de fazer permuta de presos. De forma semelhante ao que ocorreu no Paraná,

em Mato Grosso do Sul os presos que apresentariam as ideias, o discurso e a

organização do PCC paulista adotaram a sigla do estado à sua nomenclatura,

fundando o Primeiro Comando do Mato Grosso do Sul (PCMS).

No decorrer do processo de consolidação do PCC nesses estados, contudo,

houve uma ruptura. Os comandos fundados como braços do PCC fora de São

Paulo acabaram por demandar autonomia em relação à matriz. Como a

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!