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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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com as facções cariocas. Ainda assim, o PCC nunca comprou a guerra entre as

várias facções existentes no Rio de Janeiro. O cv foi um parceiro comercial e

aliado para ajudar na convivência nas cadeias e nos territórios de controle dos

dois grupos. Mas a ADA e o Terceiro Comando (depois batizado Terceiro

Comando Puro), rivais do CV, nunca foram inimigos do PCC. Essa

ambiguidade ou isenção que o PCC manteve na relação com os cariocas foi

importante no desenvolvimento posterior dessas conexões, assim como para a

estratégia dos paulistas de não disputar os territórios fluminenses.

Geleião é explícito a esse respeito em seu depoimento à CPI do Tráfico de

Armas em maio de 2005:

[…] eu deixei bem claro: nós não tínhamos nada a ver com a guerra do

Comando Vermelho e o Terceiro Comando. O PCC não se meteria nessa

guerra, e eles também não teriam que opinar contra nós em nada, que na

época eles tentaram fazer uma pressão, porque acharia que eu tinha de

mudar pra galeria do Comando Vermelho, porque o Terceiro Comando

era o inimigo. Aí eu falei: “Não, quem manda em mim sou eu, [eu fico] no

Terceiro Comando”.

Embora a carta de Misael mencione estados onde o PCC teria controle sobre

as prisões, naquele período era incipiente a presença da facção fora de São

Paulo, assim como era questionável sua capacidade de mobilização, exceção

feita a dois estados: Paraná e Mato Grosso do Sul. No caso do Paraná, os

ideais do PCC começaram a ser disseminados nas prisões a partir de 1998.

Entre 1998 e 2002, a estratégia do governo paulista para desarticular o grupo

de presos, que promovia uma rebelião atrás da outra em São Paulo, era

transferir as lideranças para outros estados. Nesse processo, os fundadores e

principais expoentes do PCC até então, Geleião, Cesinha e Misael, entre idas e

vindas para vários estados, foram para a Penitenciária Central do Estado (PCE)

– a maior unidade prisional do Paraná, localizada em Piraquara, região

metropolitana de Curitiba.

A presença das lideranças do PCC no Paraná e a influência sobre a massa

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