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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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mandava mensalmente para os Estados Unidos cerca de 70 a 80 toneladas de

cocaína. Segundo estimativas da época, o quilo da droga saía dos centros

produtores ao custo de mil dólares, para ser vendido nas ruas americanas por

50 mil dólares. Um comprador americano que gastasse 5 milhões de dólares

para levar cinco toneladas de pó para seu país poderia obter 250 milhões de

dólares.

Para abastecer o mercado, a partir da década de 1990, os colombianos

passaram a investir também em fazendas produtoras na selva, principalmente

nos territórios dominados pelas guerrilhas, como as Farc. O acesso aos canais

de distribuição da droga, contudo, continuou sendo a principal fonte de poder

e dinheiro. Mais do que a capacidade de produzir, o grande trunfo nesse

mercado é a habilidade de construir canais para inundar os mercados finais

com um produto proibido. Tanto que o amplo domínio de todas as fases da

cadeia de produção pelos colombianos não impediu a ascensão dos cartéis do

México, que tiraram proveito de sua posição estratégica na fronteira com os

Estados Unidos, o maior mercado consumidor de drogas no planeta. Pelo

menos sete grandes cartéis mexicanos passaram a disputar esse mercado, que

foi liderado pelo Cartel de Sinaloa, de Joaquín “El Chapo” Guzmán, o

traficante mais famoso do mundo. A extradição de El Chapo para os Estados

Unidos em janeiro de 2017 abriu novas disputas dos cartéis mexicanos pelas

trilhas com destino aos mercados estrangeiros.

O PCC percebeu que o caminho do dinheiro envolvia a pavimentação

dessas rotas de abastecimentos para o mercado nacional e externo. Existem

diversas rotas em que a cocaína proveniente da Colômbia, do Peru ou da

Bolívia atravessa a região amazônica e embarca para a América Central ou

para a África a partir de portos e aeroportos localizados nas regiões Norte e

Nordeste do Brasil. Apesar da variedade de alternativas, uma quantidade

significativa da droga oriunda da região andina ingressa no Brasil através do

Paraguai, entreposto de fundamental importância para os carregamentos de

pasta-base ou cloridrato que tenham o Brasil como mercado consumidor ou

como rota e porta de saída da droga destinada à Europa ou à África,

exportada a partir das regiões Sul e Sudeste.

A localização estratégica e a fragilidade da fiscalização, associadas

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