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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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matéria-prima em pasta de coca e pasta-base. Segundo dados colhidos e

estimados na Operação Trapézio da Polícia Federal, em 2014, um arbusto da

planta produz pouco mais de 125 gramas de folhas de coca. Cada 120 quilos

de folhas de coca viram um quilo de pasta-base, o que significa que são

necessários 960 arbustos para produzir essa quantidade do produto. O passo

seguinte, a transformação de pasta-base em cloridato de cocaína – o pó

destinado ao consumo final, que ainda pode ser misturado a materiais baratos

para dar volume –, demanda mais conhecimento. Um pequeno laboratório

precisa ser montado para refino e manuseamento de produtos. Primeiro são

adicionados metano, amônia e ureia. Em seguida, o produto é dissolvido em

éter, filtrado e misturado ao ácido clorídrico e à acetona. O processo de refino

pode se dar em pequenos laboratórios nas áreas produtoras ou nos arredores

dos centros consumidores, o que oferece aos atacadistas a possibilidade de

pesar custos e benefícios antes de optar pelo manuseio da droga.

A mercadoria pode ser transportada na forma de pasta-base, para o refino

em laboratórios nacionais, aumentando assim os lucros – e riscos – do

traficante, ou como cloridrato de cocaína, para ser misturada com produtos

mais baratos e aumentar a venda no varejo. O beneficiamento, ou seja, a

mistura de outros componentes, de 1,2 quilo de pasta-base pode resultar em

um quilo de pó com 90% de pureza. O maior desafio nessa indústria é o

transporte dos centros produtores para os grandes mercados consumidores.

Um dos maiores empreendedores na história do tráfico, o colombiano

Pablo Escobar se destacou como pioneiro na articulação das diversas pontas

desse processo produtivo. Sua meta era melhorar a oferta para o mercado

consumidor norte-americano. Liderando o Cartel de Medellín entre meados

de 1970 e o começo dos anos 1990, Escobar começou a mudar a história da

distribuição de drogas no mundo. Ele comprava a mercadoria da Bolívia e do

Peru, como os demais. Contudo, em vez de mandar a droga para os Estados

Unidos por mulas, acabou se associando a pilotos de avião e transformou

para sempre a escala de distribuição de cocaína e outras drogas. O

narcotraficante colombiano depois criou a própria rede de transporte, com

aviões, navios e até mesmo submarinos para fazer a mercadoria chegar ao

consumidor final. No auge da atuação do Cartel de Medellín, a Colômbia

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