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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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quanto na economia lícita.

Nos últimos anos, alguns nomes se destacaram no abastecimento das

grandes cidades brasileiras e na exportação da droga. Eles cresceram à

sombra da lei como empreendedores independentes, sem ligação com

organizações criminosas. É o caso do paranaense Ivan Carlos Mendes

Mesquita, mentor de um esquema que envolveu bimotores no Paraguai para

transportar cocaína boliviana e colombiana para o Brasil. Ivan possuía

fazendas na fronteira, nas cidades paraguaias de Pedro Juan Caballero,

Capitán Bado e Amambay, e quando foi preso, em 2004, era já um senhor de

57 anos, idade quase inalcançável para aqueles na linha de frente do crime.

Ele foi flagrado em um avião com 265 quilos de cocaína pura, na companhia

de um ex-vice-prefeito de Ponta Porã. Foi extraditado para os Estados

Unidos, acusado de trocar armas por drogas com os narcoguerrilheiros das

Farc. Negociou delação premiada com os americanos, mas descumpriu o

acordo quando voltou ao Brasil, em 2009, e despareceu do radar das

autoridades.

Os traficantes atacadistas dedicam-se às atividades de produção, refino,

intermediação, transporte e distribuição em larga escala de maconha e

cocaína. Também articulam o financiamento das atividades ou a lavagem do

dinheiro proveniente do comércio ilícito. Em geral, são vistos como “pessoas

de bem”, empresários, fazendeiros ou comerciantes bem-sucedidos e bem

relacionados social e politicamente. Não raro circulam com autoridades

políticas, policiais e até com membros das instituições de Justiça – de um

lado e de outro da fronteira. Nos últimos trinta anos, esses narcotraficantes

estabeleceram relações comerciais com grupos brasileiros como PCC e CV.

Houve cooperação, mas também conflitos violentos, que demandaram intensa

movimentação local para rearticular as conexões que permitem o escoamento

das mercadorias dos países produtores até o mercado consumidor.

A situação mudava de figura quando a droga chegava às bocas de fumo

das cidades para ser vendida no varejo. A condição do traficante varejista

sempre foi a mais vulnerável da rede. Os conflitos podiam ser fratricidas e

individuais, como no varejo paulista, ou contra policiais, justiceiros e grupos

de jovens rivais do bairro, traficantes ou não, como nas guerras

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