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A Guerra_ a ascensao do PCC e o - Bruno Paes Manso

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maconha ainda nos anos 1950, conforme a cultura do café, setor que puxava a

economia, entrava em decadência. A maconha passou a ser plantada mais

intensamente sobretudo após os anos 1960, empregando a mão de obra ociosa

no plantio e na colheita da erva. Quando a produção da cocaína se expandiu,

nos anos 1970, a partir da Bolívia, os intermediários locais foram hábeis na

abertura de caminhos e possibilidades para a mercadoria chegar ao Brasil.

Um pouco mais ao sul, uma praça separa os municípios de Coronel

Sapucaia e Capitán Bado, e ali se situa outra rota que fez história,

principalmente na distribuição da maconha plantada nas fazendas da região.

Pouco mais acima, na parte norte do estado, a fronteira boliviana aparece

como alternativa. Corumbá é um ponto especialmente vulnerável por ser o

vetor de chegada de estradas como a carretera Haderman, que liga a Bolívia

de leste a oeste, cortando as fazendas de folhas de coca e os laboratórios de

refino. Como se não bastasse, do lado leste, Mato Grosso do Sul faz divisa

com o interior de São Paulo, que se tornou o corredor de entrada da droga

para o maior mercado consumidor do Brasil e para o Porto de Santos, de onde

é transportada para o mercado externo.

A ponte entre a produção estrangeira e o mercado de consumo é articulada

nas regiões de fronteira, como as de Mato Grosso do Sul, Paraná, Mato

Grosso e Amazonas. Ainda nos anos 1970, quando os cartéis colombianos

assumiram a coordenação da produção e distribuição de cocaína em larga

escala pelo mundo, os brasileiros começaram a desbravar as primeiras rotas e

a organizar seus esquemas de transporte, com mercadorias levadas por mulas

estrada afora, evoluindo para aviões em pistas clandestinas, além do uso

extensivo de caminhões e carros adaptados para esconder as mercadorias

ilícitas.

As principais rotas de entrada de cocaína no Brasil cresceram nos anos

1980 para abastecer o mercado externo na Europa, via Porto de Santos.

Contribuiu para isso o imenso potencial dos mercados consumidores

nacionais, como São Paulo e Rio de Janeiro, que também se esbaldaram com

o consumo da droga. Uma nova cena criminal se desenvolveu a partir do

tráfico de drogas, logo transformado na principal fonte de capital para o

financiamento de atividades ilegais. Nos primeiros contatos entre produtores

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